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Átali Mendes – Caminhos

A segunda vídeo parte da vida, a primeira independente. Átali Mendes aprendeu a andar na rua e não vai mais parar. Nem de andar nem de filmar. Com uma vídeo parte tão especial em vários sentidos, aproveitei pra trocar uma ideia rápida com ela e saber mais sobre os Caminhos que ela anda seguindo.

Quero começar pela última manobra. Foi a última missão pra essa parte, o Bocão estava me contando. Conta como foi essa trick e esses últimos dias de missão pra finalizar a parte.
Essa última trick foi muito cabreira, porque eu já tinha tentado ela algumas outras vezes. Acho que eu já tinha ido umas quatro vezes, com uns três makers, tentar essa manobra. Em outro pico, né? E essa foi no último dia de missão, riscando mesmo, tipo: “É hoje ou nunca mais”. E aí eu acertei no último dia que tinha pra finalizar a parte. Já tinha tentado outras vezes e estava chovendo… Eu fui umas cinco vezes tentar essa manobra, só com o Bocão. Pra mim, foi a mais foda de satisfação, sabe? Fui várias vezes, chorei, fiquei brava, falei que não ia tentar mais… Só que você tá ligado, né? Skatista é foda e eu persisti pra caramba, era um bagulho que eu queria. Nem só pra filmar, mas pela satisfação pessoal de poder voltar o bagulho. Porque eu já tinha voltado umas duas, mas não do jeito que eu queria. E aí rolou no último dia, fechou tudo, certinho. Tô há um minuto falando porque o bagulho foi difícil, hein!?

Valeu a pena demais! E agora quero saber mais da parte em geral. Você estava filmando mais uma parte pra ÖUS, acabou saindo da marca, entrou pra DC e estava com essas imagens filmadas. Aí entrou o Bocão na história… Como rolou tudo isso? Explica aí!
Então, foi cabreiro. Eu tava filmando pro Autodidatas (vídeo da ÖUS), né? E aí, do nada, surgiu essa proposta de entrar pra DC. Eu fiquei triste por sair da ÖUS, mas feliz por estar iniciando um outro caminho na minha vida, um bagulho que ia ser bom pra mim. E aí, como eu já tinha feito essas imagens com o J.P. (Romero), que estavam da hora e eu queria usar, eu falei com os caras: “A gente já tem essas imagens que seria pro Autodidatas, mas seria interessante utilizar essas imagens num projeto independente meu, sem vínculo com marca”. Vai ser algo que vai ficar pra minha história, pra minha satisfação no skate, ter uma parte independente. Aí teve um tempo a mais pra filmar, já de DC. Filmei duas imagens com o Breno (Arriero). E quando o Bocão começou a filmar foi muito foda, porque ele deu mó incentivo, acreditou que eu ia conseguir dar o meu melhor. Aí foi rendendo, rendendo… Algumas coisas já estavam em cima da hora, mas mesmo assim a gente não desacreditou, continuou acreditando. Tava chovendo pra caraca, mas a gente saía e esperava a chuva passar… Fomos acreditando. Chegou nos últimos dias e a gente conseguiu render as últimas, algumas linhas também. A gente teve muita fé, acreditamos demais no bagulho. Foi muito foda. Quando eu vi o resultado, vi que valeu a pena. Foi difícil, mas quando eu vi projeto finalizado, cada manobra, cada dia que eu saí e não acertei a manobra… Me satisfez, encheu o coração de felicidade, de alegria de estar trilhando um caminho da hora, das coisas estarem dando certo e eu conseguir refletir isso no meu skate. Tô muito feliz mesmo.

Dá pra ver que você gosta de fazer, dá valor pra vídeo parte. Você dá mesmo esse valor? Queria que mais minas se juntassem com algum videomaker pra fazer uma parada independente? Por que você acha que é importante fazer uma vídeo parte?
Eu comecei andando em pista, não tinha muito acesso pra poder ir pro centro, era muito nova… Tinha os campeonatos; eu encostava, mas sempre foi uma parada que eu colava e não me identificava tanto. Queria fazer algo diferente, ter outras sensações. Aí, quando eu comecei a colar no centro, não tinha muito acesso aos makers, mas sempre observei que andar na rua é diferente. Comecei a colar na Roosevelt, via que era mais difícil andar na rua. Não era tão fácil, mas acertar uma manobra ali era muito satisfatório. Por ser mais difícil, era mais da hora. E a primeira oportunidade que eu tive de andar mesmo na rua, foi quando eu entrei na ÖUS e fui filmar pro Gato Preto. Foi tudo muito rápido, mas mudou a minha perspectiva do que eu queria pro meu skate, pra minha evolução como skatista. Foi meu primeiro contato real de filmar mesmo, na rua, pra um projeto. Cada vez que rendia uma manobra, me inspirava mais. E o engraçado é que o meu padrasto anda de skate, e quando eu era menor e nem andava, ele colocava os vídeos da Girl, uns vídeos mais antigos, de rua, e eu achava mó diferente. E aí eu cresci, comecei a andar na pista e depois na rua. A energia da rua tem muita liberdade, você faz o que quer, expressa seu skate da sua forma, com a sua identidade, seu estilo. Então, ali no Gato Preto foi a porta de entrada e eu vi que era isso que queria fazer. E aí teve a première do vídeo… Eu sempre colava em première e ficava: “Nossa, mano, quero muito. Meu sonho é fazer uma vídeo parte, ter um bagulho desse”. E aí, quando foi a minha vez, eu fiquei emocionada. Fiquei tipo: “Quero ter essa sensação, inspirar outras minas a andar na rua, viver isso, essa energia”. Aí não parei mais, sempre colo aqui no centro pra andar, quero filmar, não fico mais tanto tempo ali no Instagram. Não que não seja importante, acho importante as redes sociais. Mas hoje eu não tenho mais a pressa de “quero fazer um insta, quero postar isso”. Hoje eu respeito mais o meu tempo de filmar uma trick e saber que no final vai pra um projeto que vai me satisfazer e não vai passar, vai ficar marcado. Com certeza, não é a última parte, porque é um bagulho que eu realmente gosto de fazer. É muito difícil andar na rua, mas é muito gratificante. Tô falando muito porque o bagulho é foda mesmo! Com 20 anos de skate, você vai olhar pra trás e falar “eu fiz tal parte, tal parte, tal parte”, tá ligado? É um bagulho memorável. Muito importante todo skatista ter a sensação de estar na rua, de ver como as coisas funcionam. A cultura do skate precisa disso. E acho muito importante as minas andarem na rua, filmarem, verem esse outro lado. Não filmar só porque “ah, tá tendo evento, preciso filmar”. Filmar na rua por querer, ter esse feeling, sentir o bagulho real.

E o nome da parte? A gente tava decidindo o nome esses dias e você jogou esse nome: Caminhos. Eu achei da hora, tinha tudo a ver. Explica aí porque veio essa palavra na sua cabeça.
“Caminhos” veio por um motivo simples: os caminhos que eu estou seguindo. Eu tava numa marca legal, e tive que escolher um outro caminho muito da hora também. Escolhi um caminho que vai ser bom, onde eu vou dar meu melhor. A gente tem que seguir nosso coração, ir pelo caminho certo, arriscar, tentar outras paradas, acreditar no nosso potencial, nossa convicção. No skate tem muitos caminhos pra seguir mas, independente de qual caminho estivermos seguindo, se estiver fazendo o certo, o bagulho vira. É só continuar no caminho certo que vai dar certo. Foi a primeira palavra que veio na mente pra parte. Tô seguindo um caminho da hora, do meu coração, e vai dar certo. É só isso.

Boa! Então, pra terminar, deixa aí a data da próxima parte já.
Como assim? Hahaha! É a de hoje, né, que sai às 20hs? A próxima é hoje, dia 18, às oito da noite, no Black Media! Hahahaha!

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