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Allan Carvalho e o livro do Veredas

Parte do time da Cons durante alguma missão pro Veredas. (Allan Carvalho)

Antes de começar o que interessa, se liga nessa chance: aproveitando essa entrevista com o Ban (apelido do nosso mano Allan Carvalho), a gente conseguiu três livros do Veredas pra dar pra vocês. Comenta aqui nesse post, lá embaixo, porque você merece ganhar um exemplar do livro. As três melhores respostas, escolhidas por nós e pelo próprio Ban, vão levar. Deixa o @ do Instagram ou o email pra gente conseguir falar com você.

Veredas é o mais recente grande projeto da Converse CONS no Brasil. Um vídeo dirigido por Guilherme Guimarães, que acabou ganhando mais um braço, em formato de livro, com fotos do Ban, que acompanhou a maior parte das filmagens. É sobre isso que eu troquei ideia com ele, e aproveitei pra pedir algumas fotos inéditas, que não estão nem no livro, pra ilustrar essa entrevista aqui. Vamo lá:

Calma aí, Jackie Bortolo Chan. (Allan Carvalho)

O projeto principal é o vídeo, o Veredas. E aí acabam surgindo esses outros braços, e o livro é um deles, talvez o segundo maior depois do vídeo em si. Como foi pra você, como fotógrafo do projeto, acompanhar a produção do Veredas? Você foi em todas as viagens? Você tá fotografando desde o começo das filmagens? Conta aí como é ser fotógrafo de um projeto de vídeo.
Então, pra mim foi uma honra participar desse projeto, e eu estou desde o início, sim. Só não fui nas primeiras trips, porque o Jon (Coulthard) estava aqui: Manaus, Maringá e Bahia. Quando estavam em São Paulo, eu já participei como segundo fotógrafo. E aí teve uma outra tour em que os gringos colaram pra cá também, o Jon não veio e eu fiquei como o fotógrafo oficial; fiz as fotos do Louie Lopez, dos gringos que estavam aí, da galera. Foi nessas sessões que eu comecei a acompanhar; aí teve as outras trips e engatou pro vídeo todo. O Gui me deu essa oportunidade, a galera também confia no meu trampo, e pra mim foi uma honra. É o primeiro projeto grande assim que eu participei e, junto com o Gui e a galera, produzi desde o início. Sobre o livro, é uma parada que nem estava nos planos. Foi acontecendo, as imagens foram surgindo, as fotos… Foi tomando uma proporção da hora. Aí teve um dia que eu fui jantar com o Gui e o Renatinho na casa do Robalo, conversamos e surgiu essa ideia de “pô, mano, vamos fazer um livro”. Eu nem acreditei, os caras fizeram o sonho virar realidade. Além do vídeo ter ficado impecável, tem o livro com 90% das fotos feitas por mim. Nem eu tô acreditando ainda, foi da hora.

Vitória Bortolo, ollie one foot. (Allan Carvalho)

Ah, eu achei que o livro já era uma ideia desde o começo, não sabia que tinha surgido no caminho. Que da hora!
Exatamente, não tinha essa ideia do livro. Ia ser só a première do vídeo; no máximo, umas fotos expostas, com realmente aconteceu. Mas os caras falaram: “Não, mano, tem muita coisa legal, muita foto da hora, vamos fazer um livro”. E aí rolou.

Tem manobra sua no vídeo que vi, hein? Colocaram sem te avisar? Qual foi?
Eu não esperava, mano. Sério mesmo. Foi uma surpresa pra mim. A gente estava na Chapada nesse dia, e colamos pra esse pico. O Arthur rendeu umas tricks, fez umas imagens de Super 8 e, quando estava acabando a luz, o Gui filmou essa minha. Mas a gente ia guardar, sei lá, pra eu usar em algum vídeo. E ele acabou usando no Veredas, o bagulho foi louco. Até chorei na hora.

Henrique Crobelatti, bs 5-0. (Allan Carvalho)

O livro tem umas 100 páginas, e acho que só quatro ou cinco fotos não são suas. Pra encher tudo isso de página, quantas fotos você fez ou tem que fazer, em média? Dói muito na hora de escolher qual vai entrar e qual fica de fora? E você escolheu tudo sozinho ou foi junto com o Gui, com a galera que aparece no vídeo?
Cê é loco, ficou muita foto de fora. Muita foto. Na hora de escolher dá uma dor no coração, você quer colocar todas no livro e o livro tem 100 páginas. Você fica ali meio que sem saber o que fazer. Aí eu tive a ajuda do João, que fez a diagramação do livro, e fomos entrando num consenso com a galera. Eu colei um dia na Dabba, na agência, eles imprimiram todas as fotos, a gente colocou tudo na mesa e ficou selecionando juntos. Acho que, se fosse eu sozinho, não ia dar conta, ia querer colocar todas as fotos. Ainda bem que eles me ajudaram; é uma parada que eu nunca fiz, nunca participei de um livro, coloquei minhas fotos expostas num livro. Foi bem difícil.

Jonny Gasparotto, fs air. (Allan Carvalho)

Você gosta muito de fisheye que eu tô ligado. Quando te chamam pra um projeto desse, que foi uma marca que te chamou, não é algo pessoal seu, sozinho, você dá uma segurada na fish? Se policia pra fazer mais coisa de longe, umas fotos mais abertas? Porque, vendo o livro, ficou perfeito o equilíbrio entre as fotos de fish e as de tele.
Mano, nas sessões com o Gui eu tento equilibrar bastante. Eu só coloco a fisheye quando ele vai filmar com a Xtreme dele, a fisheye dele. Me preocupo também com não mostrar tanto os flashes; se você ver o vídeo, em poucas imagens aparece o tripé do flash ou eu mesmo. Só quando ele tá de fisheye que eu também coloco a fisheye. Procuro respeitar bastante o videomaker. Se eu vejo que o cara tá de tele, eu não vou lá com a fisheyezona, porque acaba saindo na imagem e a galera não gosta muito. E eu e o Gui temos essa sincronia, por trampar juntos há um tempão. A gente já sabe: “Ô, Gui, cê vai fazer de fisheye?”. “Vou”. Aí eu já coloco os flashes e vou de fisheye com ele. Isso é bom, né. E quando você faz foto de tele, é um pouco mais difícil, o que é bom porque você já trabalha um pouco mais a mente, a visão, e acaba me ajudando bastante.

Felipe Oliveira, alley oop bs flip. (Allan Carvalho)

Teve alguma manobra que você pediu pra dar de novo, pra fazer a foto sem você aparecer no filme?
Tem manobra que pro skatista não é tão complicada e… Às vezes tem uma foto de tele que eu acho que vai ficar legal de fisheye. Aí, dependendo do skatista, eu troco uma ideia: “Vamos tentar fazer mais um moment, pra ver se de fish fica mais da hora”. E a galera topa, mas depende da sessão, se o cara cansou muito pra dar a manobra, tem tudo isso. Imagina: o cara demorou mó tempão pra acertar a trick, tá felizão, tirou aquele peso das costas e eu chego: “Ô, vamos ali tentar mais uma”. É mancada, né? Mas algumas sessões, que eu vejo que são mais leves, que dá pra explorar esse outro ângulo, eu dou um salve pra fazer.

Felipe Oliveira e Guilherme Guimarães. (Allan Carvalho)

Você falou que a ideia do livro surgiu no caminho, mas mesmo assim eu vou fazer uma pergunta que tinha anotado aqui. O livro é da Converse, certo? O Gui falou pra gente que tentou manter a identidade da marca no vídeo, imprimir nesse trampo a cara que a marca tem no mundo todo. Você teve que seguir algo do tipo? Alguém te passou alguma visão, alguma orientação nesse sentido?
Desde o início dos trampos com o Gui, até mesmo nas campanhas que a gente faz, eu tenho total liberdade pra fazer as fotos do meu jeito. Eu acho que eles curtem meu trampo porque minhas fotos já são meio que no estilo da Converse. Eu imagino que seja isso. Eles me deixam bem livre pra criar, fazer do jeito que eu gosto. E a gente vai se adaptando conforme a gente vai trabalhando. A gente também vai vendo outros trampos que estão saindo e, indiretamente, vai seguindo um… Não é um padrão, mas a gente faz sabendo o que é da hora e o que não é. E sua mente vai se adaptando pros trampos ficarem alinhados com o que a marca gosta.

Arthur Ribeiro, bs noseblunt. (Allan Carvalho)

Eu só fiquei com dó de uma foto; queria aquela foto da Vitória na caçamba numa página inteira, grandona. Mas tudo bem.
Ah, a Vitória, mano… As fotos dela são todas malucas. Eu gosto pra caramba das fotos dela também. Tinha que ser página inteiro mesmo, concordo com você.

Vitória e Arthur. (Allan Carvalho)

Todas as fotos foram feitas com a mesma câmera? Ou tem mistura de equipamento nesse livro?
A maioria das fotos foi feita com uma 5D Mark II, uma câmera velhinha que eu tenho. De tele eu usei uma 70-200mm. Tem a fisheye 15mm, da Canon, e uma 35mm da Sigma Art. Foi isso. As sequências eu fiz com uma 7D, e tem uma camerazinha de filme que eu usei pra fazer algumas fotos; tem uma do Jonny, acho que é um invert.

Rémy Taveira, pop shuvit. (Allan Carvalho)

Só pra chover no molhado, reforçar o que a gente já sabe: o impresso não vai morrer, né? Você pegar um livro desse na mão sempre foi, é e sempre será muito foda. Concorda?
Ah, se depender de mim não vai morrer, não. Acho que a parada que mais me motiva a ser fotógrafo, fotografar na rua, é ver as fotos impressas. Só quem gosta mesmo, que ama a parada, é que sabe.

Biano Bianchin, pole jam. (Allan Carvalho)

Agora já sabe: comenta aqui embaixo porque você merece ganhar um livro. As mellhores respostas, escolhidas por nós e pelo Ban, vão levar! Deixa o e-mail ou o @ do Instagram pra gente conseguir falar com você.

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