Demorou, mas valeu a pena. Depois de muito, muito tempo, a entrevista com Fabio Gheraldini está no ar. O atraso até que foi bom, pois o material está sendo publicado no melhor lugar possível. Uma entrevista de peso com um cara muito sangue bom.
Como foi fazer uma entrevista que demorou mais de três anos pra ficar pronta?
Acho que o que estragou foi a gente ser amigo demais e o hábito de inventar desculpinhas esfarrapadas, tipo “hoje não posso, porque sei lá…” Além de estar envolvido em outras coisas, trabalhando em outras coisas. Mas é mais relaxo mesmo! Hahahaha! Caetano, você desmarcou pra caralho comigo. Várias vezes! Hahahaha!
Vamos falar de outra coisa, senão você vai começar a descontar aqui pela entrevista… Pra você, como foi ter a manobra mais da hora da entrevista (um mayday que acabou não entrando) boicotada porque o fotógrafo cagou na foto? Hahaha!
É, mano… Eu nunca andei em um pico tão perfeito em toda a minha vida. Mas são ossos do ofício… Encanei com outras coisas que não consegui, mas já foi. É passado.
Durante esse tempo da entrevista, você entrou e saiu de algumas marcas. O que houve? Vai ter foto sua usando de C&A a Besni…
Eu não saí de muitas, não. Fiquei um tempo na DVS, mas nunca tive muita segurança nos caras e a marca foi embora. Depois entrei na DPR.
Você não acha que a marca tem que ser de skatista?
Acho, mano… Acho que assim as coisas mudam um pouco. Vai da pessoa ou do caráter; vai muito de divisão de mercado também. Se você está na marca é porque o cara acreditou que ia precisar da sua imagem por alguma razão. Se ele for de visão, vai entender que tem que se adequar à nossa visão pra entrar no mercado. Gostaria que só existissem marcas de skatistas. Vejo muitas coisas surgindo que eu acho da hora, com skatista envolvido.
Você tem uma marca, né?
Tenho, mas vejo mais como uma ideia, nem vejo como a marca sendo minha; eu só participo disso.
Qual é o nome?
É a V4mo.
É marca de skate?
Sim, acaba sendo uma marca de skate porque é minha e do Du Beluco, que tem a marca muito bem estruturada na cabeça e é skatista. Tudo que fazemos está ligado ao skate, mas ainda não temos estrutura pra anúncios em revista ou equipe. Fazemos outras coisas, temos outras ideias.
Por que tem uma vela em forma de whiskey?
Porque a gente queria fazer uma vela na forma de uma garrafa de Jack Daniels. Ficou da hora e a vela é boa, escorrega!
Pra onde você viajou pra fazer a entrevista?
Vixi, faz tanto tempo que não lembro mais! Hahahaha!
Tenta lembrar aí!
Lembro sim, tô zuando! A gente foi pra Curitiba, Florianópolis, mas lá nem andamos! Hahaha! Teve Piracicaba; colamos com os No Names, os barra-pesada dos gaps, ficamos na casa do Stanley, foi da hora… Também teve Rio de Janeiro, Uruguai…
Quais seus planos para o momento? Ficar só no skate ou arrumar outro trampo?
Vou ficar no mesmo ritmo: continuar no skate e trampando ao mesmo tempo. Nunca dependi do skate pra pagar minhas contas. Ele sempre me auxiliou, mas pretendo trampar e andar cada vez mais. Tem que se organizar pra conseguir isso.
Você pretende passar pra pro?
Queria passar, mas depende dos caras. Você fica na mão dos caras; até pra dar ollie você depende dos caras.
Qual seu recado para os sanguessugas que saem do patins, wakeboard, capoeira e vão para o skate querendo ganhar dinheiro em cima do mercado?
Meu recado é para os consumidores disso. Tem que saber onde você está colocando o seu dinheiro. Por exemplo: o que essa marca faz? Como é a equipe? Como funciona? Vejo algumas marcas no mercado que seguem essa linha.
Tem marcas que só querem vender e não investem no skate.
De alguma forma eles investem, pois estão aparecendo. Tem cara que investe, coloca dinheiro no skate… Mas o mercado é complicado, vamos falar de outras coisas.
Do que você quer falar?
Quero falar que tô arregaçado.
Vixi, que papo é esse? Hahaha!
É serio, mano. Meu joelho dói; operei ele fazem dois, três anos.
O que você acha legal de se dizer em uma entrevista?
Acho que todo skatista, independentemente do que faz, tem que andar de skate. Acho que o skate não é só pra querer ganhar dinheiro, tem que andar…
O que você anda fazendo no momento?
Estou filmando uma parte com o Horse, mas tá atrasada.
Que novidade… Por quê?
É dificil nossos horários baterem.
Quando sai o vídeo dele?
Ele disse que quer lançar até o final do ano mas, se faltar marreta, sai no começo do ano que vem.
Porque ele tem o apelido de Horse?
Hahaha! Não sei, deve ser por causa do queixo! Hahahahaha!
De qual das manobras da entrevista você mais gosta?
O disaster. O pico é difícil e eu nunca tinha andando assim em uma parede. Ah, mas todas estão legais, o fifty em Curitiba… Aliás, a trip de Curitiba foi muito foda. Teve o backside tail no rio; estávamos de saída e ficou uma puta foto de última hora…
É isso aí, mano, parabéns! Quer agradecer alguém?
Puta, mano, muita gente. Meus amigos do Calux, do skate, quem anda comigo, minha mãe, meu cachorro…
O seu cachorro é muito gay! Hahahaha!
Hahaha! Ele veio de doação, mora de favor! Hahaha! É isso aí, valeeeeu!