Passando por São Luís do Maranhão e Fortaleza, os amigos Alison Rosendo “Kbssa”, Jordão Otsuka, William “Doug Funny” Aragão e Igor Juan foram registrando as sessões, andando de skate como só eles sabem e espalhando a Filosofia Skate Roots pelo Brasil.
Aproveitei pra trocar uma ideia rápida sobre o projeto com o Alison, um dos caras mais originais a surgir no skate nos últimos tempos.
Fala, Kbssa! Vamos começar do começo: de onde veio a ideia de registrar e transformar essas sessões entre amigos numa série? E de onde veio o nome “Filosofia Skate Roots”? Qual a ideia geral desse projeto?
Então, as sessões começaram de uma forma muito orgânica. Estávamos filmando para o Velô Skate Arte 3/7, e aí a VX estava dando alguns problemas. Tinha momentos das sessões que ela não aguentava o rojão da quentura. E Jordão já estava com uma outra (Canon) T3i, com fish, e fazendo algumas de tele também. Mas eu queria continuar registrando também de VX, como antes. A gente saía pra andar e, pela naturalidade das coisas, acabou surgindo a ideia de fazer um vídeo com os parceiros, meus companheiros de muitos anos de caminhada: o Jordão Otsuka e o William “Doug Funny”. A ideia da Filosofia Skate Roots, veio porque estávamos no Maranhão, berço do reggae brasileiro, e a sintonia jamaicana-brasileira foi que me fez pensar: “Filosofia skate roots”. Porra, velho, aí bateu. Foi como quando eu ouvi pela primeira vez The Gladiators. A mesma sensação, bem roots, bem pegajosa, bem fisgada. Foi assim que surgiu. E aí, como eu tô sempre filmando, sempre pelo Nordeste, com outros companheiros de outros lugares aqui da região, eu pensei em fazer os episódios. E aí, com a ajuda de todos, finalizamos o primeiro episódio com a edição do Igor Juan, que já trabalha com vídeo e assiste muito vídeo de skate. A gente sentou junto e, quando finalizou o trampo, fiquei muito feliz com o desempenho do rolê. Tem coisa aí de 2019 e comecinho de 2020.
Esse episódio só tem imagem do Maranhão?
Isso, foi gravado em São Luís do Maranhão e Fortaleza, no Ceará. Essas duas cidades, por confluência, são bastante massa nesse movimento do reggae, da dança, do movimento dos Sound Systems, Rastafari, do reggae… E foi isso que me chamou a atenção pro “roots”. E também esse roots… Por exemplo, quando a gente fala que o pico é ruim, aqui no Nordeste, a gente fala que o pico é roots. E quando o pico é bom, no sentido massa da palavra, a gente também fala roots. Então tem isso também a Filosofia Skate Roots.
Pode crer! Aqui também; não sei se veio daí, mas quando o pico é ruim a gente fala que é roots. Outra coisa: eu não sei se você, que já passou um tempo aqui em São Paulo, acha ou percebe isso, mas pra mim é bem claro um jeito diferente de andar de skate no Norte, Nordeste… Um estilo talvez mais calmo, mais leve, com mais tempo… Você falou de dança ali, parece mesmo mais uma dança até. Existe essa diferença no jeito de andar de skate? Você mesmo, é um dos caras que chama mais atenção pelo jeito de andar. Tem o Vinicius Costa, que anda bem levinho; talvez seja o estilo que eu mais gosto de ver hoje… Queria saber como você vê essa questão de estilo, se é mais leve, com mais tempo, mais carinho com o skate, não sei explicar direito… Não sei se consegui explicar, mas me fala aí sobre isso! Hahahaha!
Caramba, cara! Estamos bem confluídos, cara. Porque assim, o Vinicius Costa, também pra mim, é um dos skatistas que eu tô admirando muito por esse lance do movimento, da dança, uma forma de dançar. Acho que eu também não consigo explicar o que é esse movimento. Muita malemolência. O louco é que essas pessoas que andam de skate no Nordeste e chegam com esses estilos diferenciados foi porque realmente eu acho que tiveram contato com outras coisas, né? Como capoeira, dança… O Anderson Monte, que é de Fortaleza, é altamente dançarino, né? Antes dele andar de skate, ele dançava. Parou um tempo de andar de skate pra dançar, e depois voltou a andar. E voltou dançando mais ainda. É louco… E é massa você fazer essa observação, essa galera que tá mais próxima no rolê, a gente vê eles dançarem de várias formas, né? Que legal, cara!
Qual a intenção da Filosofia Skate Roots como uma série de vídeos? É mostrar mais essa região ou é só mostrar o rolê de vocês mesmo? E você acha que é importante mostrar essas cenas mais afastadas dos grandes centros do skate no Brasil, como São Paulo, Rio, Curitiba, Porto Alegre? Aparecer mais na mídia, aparecer mais pra todo mundo… Ou é melhor que nem apareça mesmo, pra ficar do jeito que tá que é melhor? Hahaha!
Então, Felzinho véio… O Filosofia Skate Roots é a filosofia de vida, do skate mesmo. E você sabe: skatista é uma peça que sempre se movimenta no tabuleiro. É a vida cigana, né? E a Filosofia Skate Roots é muito sobre isso também. Eu tenho uma paixão bem massa mesmo com andar de skate no Nordeste. Mas o Filosofia Skate Roots é também estar em São Paulo, nas capitais onde as coisas acontecem com muito mais rapidez. É isso. São skatistas, sendo eles de regiões que você nem pode imaginar, e também de regiões que você pode imaginar. É essa peça do tabuleiro que mexe. É bem massa. Skatista é massa. Tem pontos ruins, mas quando é massa, é massa mesmo. É isso. É filosofia. É skate. É roots.
Tenho um monte de coisa pra te perguntar, mas vou deixar pra quando a gente fizer alguma coisa com você, sobre você. Hoje é sobre esse projeto. Mas tem uma coisa que eu vou perguntar, porque não quero esperar a próxima vez. Você é feliz andando de skate? O skate te faz feliz?
Caramba, companheiro! O skate realmente me deixa feliz. Agora, eu também vou dizer a você: quando eu não volto a trick, eu fico injuriado! Mas é assim mesmo. Essa relação da vida, do movimento, é felicidade também. E o skate também expressa dor, né? Dor endurecida é tumor, lágrima derretida é poema. Skate eu visualizo dessa forma também.
Massa! Pra terminar, deixa aí uma mensagem pra quem tá lendo essa conversa aqui, pra quem vai ver o vídeo.
Skate por amor, skate por felicidade, skate porque se ama.