Jr. Pig – BCN Dayz

Vídeo parte, fotos e entrevista, tudo direto de Barcelona.

Local das Águas Espraiadas, saudoso Pântano, em São Paulo, Jr. Pig tem um dos estilos mais bonitos do Brasil. Passando uma longa temporada em Barcelona, andou (e continua andando) em vários picos da cidade, famosos e obscuros, e juntou tudo nesse vídeo, BCN Dayz. O Mug aproveitou pra trocar uma ideia com ele pra saber mais sobre esses meses em Barcelona  e como foi filmar essa parte na pura força de vontade. A entrevista tá aí embaixo. Pig é ídolo!


Antes de tudo, como você foi parar em Barcelona?
Um ano antes de ir, eu já conversava com a Xushine (Ligiane Xuxa) sobre ir pra lá, andar de skate, colocar as ideias em dia, produzir, sair um pouco dessa babilônia. Fiz um planejamento e cheguei nos meus patrocinadores com a ideia, consegui as passagens, uma ajuda de custo ali e tchau!

De fora parece que Barcelona é uma gozolândia pra andar de skate mas, na real, você me falou que nem é, que tem até uma lei que proíbe o skate na cidade inteira. Explica melhor essa história e quantas multas você colecionou nessa temporada.
Gozolândia sempre foi e sempre será! Hahaha. Existe esse lance de proibição, sim. Muitas vezes você tá andando com uma galera em algum pico, passa o carro da polícia e todo mundo fica parado esperando pra poder continuar andando. A outra lei é dos velhos da cidade: os mais idosos, na maioria das vezes, acham ruim, ainda mais se for naquela praça que fica no meio dos prédios onde eles moram, até mesmo na rua. Mas só pra deixar claro: lá você anda de skate em qualquer lugar, qualquer hora, é muito tranquilo. É tão de boa que você só consegue perceber essas coisas depois de um bom tempo. Eu estava correndo das multas, mano, não por ter que pagar nem nada, ate porque não ia pagar mesmo, mas sim pela perda de tempo em ficar ouvindo o policial querendo passar “lições de moral” no país dele. Mas multa tatêno! Hahaha!

E a lenda que pode andar pelado pela cidade mas não pode andar sem camiseta?
Vira e mexe você via uns caras metendo o louco peladão! Mas vai andar sem camiseta na rua… Logo vai colar um guarda em você pra falar que não pode.

Conta a história da vez que os guardas queriam levar os skates e as câmeras.
Porra mano, esse dia eu perguntei pro Damascena se ele podia me filmar. Colamos em um pico, perto da casa dele, mas já tinha uns caras filmando. Então pegamos a bike e saímos em direção a Cannyelles. Chegando lá, lembrei de um pico que já tinha colado uma vez e, na minha cabeça, era muito tranquilo, não ia incomodar ninguém. Andei um pouco, dei uma aquecida e tal… Quando menos esperávamos, colaram dois policiais de moto (um homem e uma mulher). O cara já chegou acelerando: “Cadê os documentos, cadê os documentos?!”. O Damascena deu o dele, eu falei que ia pegar na mochila, crente que eu estava com, pelo menos, o RG. Quando abri a mochila já pensei na hora: “Puta, mano, fudeu”. Tinha esquecido tudo em casa. Colei no policial e ele perguntou novamente. Falei que tinha esquecido em casa! Hahahaha! Ele não acreditava que fosse possível, e eu falei de novo que tinha esquecido. Mano, esse policial começou a dar uma canseira no Damascena; queria porque queria levar as câmeras e os skates de qualquer jeito, e o Damas escondendo a câmera nas costas, falando que não ia dar. Nessa hora, a policial feminina me chamou de canto, tentei explicar pra ela que ali na praça já tinha várias marcas de skate, que não sabíamos que era proibido, aquela coisa. Ela falou que aquilo tinha sido uma denúncia e, nesse caso, não tem como escapar. Eu já saí puto, estava sem documento e não me deram essa multa, mas o Damascena segurou no nome dele por nós dois. Acabaram não levando nossos equipamentos, mas tomamos essa multa aí como se fosse pra ir retirar os equipamentos apreendidos na delegacia. Uma multa de 75 euros, que se não fosse paga em cinco dias, subiria pra 300 euros. E acabou virando 300 euros! Hahaha!

E como você se virou com grana, já que o “mercado de skate” praticamente não existe em Barcelona e é impossível viver de skate por lá?
Eu fazia trabalhos informais pra levantar uma grana. Não só eu, minha mina também. Eletricista, pintor, pedreiro, gesseiro, caseiro, passeava com dogs, vendia coisas na internet, cheguei até a gravar um comercial, mano! Eu “cursei e me formei” em todas essas profissões pelo YouTube. Melhor escola pra quem é um “sin papeles”. Não sei se é impossível viver do skate em Barcelona, o que eu senti quando fui pra lá é que, no final de tudo, o skate acaba sendo só mais um detalhe importante pra você. Pico tem de monte, de tudo quanto é forma: de ferro, de madeira, de mármore, de tudo, mano! Mas, no final, você só vai andar de skate porque você ama isso. Pelo menos eu, no tempo que fiquei lá, não pensava em viver do skate, mas viver o skate e a cidade, aproveitar o que estava sendo me dado. Me acostumei com essa ideia.

Rolou uma deprê quando você voltou pro Brasil?
Uma galera me pergunta isso. Eu não senti por causa do skate, não senti por causa dos picos, tanto faz! Skate lá, skate aqui, sempre vou andar. O que eu sinto falta mesmo é da liberdade, do direito de ir e vir, de poder caminhar até o final da rua e chegar na praia, das cervejas baratas, das pedaladas quilométricas de bike, sinto falta da Xuxa dando um salve da janela dela, chamando a gente pra colar com ela no mercado, comprar um vinho barato, sentar na praça pra trocar ideia e usar o wifi. Sinto falta do Mercadona, de poder colar com 20 euros e fazer a compra da semana pra casa, de pegar os cachorros que minha mina cuidava e levar pra dar um rolê com ela. Enfim, essas coisas.

Vamos falar da parte agora. Como foi todo o corre de filmar e editar?
Eu saí do Brasil achando que ia ser tudo fácil, que Barcelona é cheia dos picos que são minha cara, que isso e aquilo. Mano, eu colava nos picos e falava: “Caralho, como assim?”. Na primeira vez que fui no quarter do Fórum não consegui dar nada! Sai de lá até meio pá, tá ligado? Fora essa dos picos, cheguei lá e pensei: “E aí, quem vai me filmar? Fodeu!”. A minha maior sorte foi ter trombado o William Damascena e o Fagner Pereira. Não existiria nada de imagens, nada de vídeos, nada de corres sem esses dois caras! O Damascena era meu parceiro de pedalada atrás dos picos; não tem tempo ruim com o Damas, mano! A gente estava na sintonia ali; eu filmava ele, ele me filmava. Fora que eu colocava até minha mina pra filmar, fazer foto. Colocava a câmera no tripe, explicava o movimento e falava pra ela clicar naquela hora! Ela virou fotógrafa de skate em Barcelona! Só não falava pra ela filmar linha porque seria foda! Hahaha! Eu vi que quem estava comigo queria me ajudar, e o que eu pudesse fazer também, eu faria! O vídeo em si, como eu expliquei, não foi fácil fazer. Só quem estava lá pra entender o que eu tô falando, pra saber o quanto é difícil. Mas se fosse fácil também, qual seria a graça, né? Cheguei aqui com as imagens no HD pensando em alguém pra editar, bati a cabeça uns dias. Até que pensei: “Por que que eu mesmo não edito?”. Porra, já que o vídeo todo foi feito assim, já que foi tudo na força de vontade, porque não tentar aprender a editar? Foi o que eu fiz, Mugão. Peguei as imagens e eu mesmo editei.

Podemos te considerar um videomaker agora então?
Hahaha! Lógico que não! Mas é louco aprender as coisas!

E a Shit? Tá ressurgindo das cinzas, agora que você tá de volta ao Brasil?
Shit is Back! Em breve o vídeo, em primeira mão aqui! Dario e Zekinha, juntos, fazendo o que sabem fazer de melhor: merda. Sons of Shit! Aguardem!

Pra finalizar, quer mandar beijo pra quem?
Beijo pra minha mãe, minha mulher, pra Luli, Penélope, Xushine, Emy. Um salve aí pro mano Damas; sem palavras, meu tru! Pro Fagner, Dario, Zekinha, Groll, Homero, Xue, gangue da Black Media, AE gang e pra todos os meus amigos ai também. Só força!

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