Em 2020, quase todo mundo ficou quieto em sua cidade, vendo o começo da pandemia se desenrolar. Paulo Galera resolveu aproveitar esse tempo pra descobrir picos em sua cidade, Canoas, e filmou manobras de setembro a dezembro, andando de skate sem pressão de finalizar nenhum projeto.
Quando viu, já tinha registrado várias manobras e picos bons com o amigo Murilo Zopa, que filmou, editou (junto com Lucas Seghessi) e dirigiu o vídeo a que você assiste agora. Trampo fino, feito entre amigos, do jeito que deu durante o maldito ano de 2020. E com a trilha marcante do Lorenzo Nunes e do diretor Murilo. Quando o projeto vem do coração, dá pra sentir.
A gente trocou uma ideia com ele. Dá uma lida aí e segura as fotos do Maurício Porton!
Por que você resolveu fazer uma parte só na sua cidade?
Primeiro, porque a pandemia nos fez ficar em casa. E outra que filmar uma vídeo parte geralmente se baseia nas tuas manobras, no quão difíceis são as manobras que tu dá; você viaja por todo canto atrás do pico ideal pra dar uma bomba. Se dispor a fazer a parte só na sua city é um olhar diferente, é mostrar que o skatista precisa ter o faro aguçado pra rua, pro que ela tem a oferecer, não só esperar aparecerem os picos perfeitos e ser mais um ali. Fora que incentiva a piazada da city a sair pra andar na rua, porque pico tem de monte.
Como é a cena do skate em Canoas?
Aqui a cena sempre foi bem dispersa. Antigamente, não tínhamos pista, então eram aqueles caixotes e trilhos na frente da casa de alguém, mas sem muita interação entre os bairros, saca? Quem se empenhava mais no corre do skate acabava indo pra outros lugares e se achegando com quem tava na mesma pegada. Hoje em dia, o que mudou é que tem algumas pistas na cidade, grandes e boas, mas a cena ainda é dispersa. Quem é de pista tá na pista, e quem é de rua tá na rua.
Como foi a parceria com o videomaker e fotógrafo? Eles também são de Canoas? Você participou bastante da edição também, conta como foi o processo de filmagem, edição, escolha do som, esses detalhes.
Sim, ambos são de Canoas. O Murilo eu já conheço desde moleque, e ele filmou umas imagens pra mim antes da pandemia. O Maurício já tinha colado pra fotografar e, no meio da pandemia, acabamos trocando umas ideias e botando como meta fazer uma parte só na cidade. Pra edição, tínhamos as mesmas referências, então fluiu naturalmente esse processo. Nem por isso deixou de ser demorado. Hahahaha!
Esse projeto foi o que nos manteve com a mente sóbria durante essa pandemia. Durante uns três meses, saíamos de bike pra filmar, fazendo o roteiro dos picos: os que dariam pra andar na semana e os que só daria no final de semana. A trilha foi feita pra parte; o Murilo convocou o Lorenzo, que toca com ele e faz uns beats, pra fazer um som com a cara e pegada das imagens e desses dias.
Teremos uma continuação? Canoas Episódio 2? Parece que pico não falta!
Mano, realmente teve muito pico que não tá na parte, e muitos que nem colamos ainda. Mas a continuação não necessariamente vai ser aqui, hein…