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Como será o skate nas Olimpíadas?

O skate vai ter uniforme nas Olimpíadas? E o doping? Quem vai escolher os skatistas que vão competir? Goste ou não goste, o skate estará nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020 (faltam menos de dois anos!). A discussão hoje não é essa. Gostando ou não, se você vive o skate de alguma forma, acho importante conhecer as normas que vão reger o skate no maior evento esportivo do planeta, seja pra se informar ou falar mal, mas com embasamento. Já tinha pensado em fazer um guia desse tipo, mas nunca tomei a coragem pra afundar a cabeça em pesquisas enfadonhas cheia de termos técnicos.

Eis que surgem nossos manos da Jenkem, um dos sites de skate mais formidáveis dos EUA. Eles fizeram a pesquisa, falaram com o Josh Friedberg (diretor de skate da World Skate), montaram o texto, e eu só tive o trabalho de traduzir e adicionar informações relevantes aos brasileiros. Pedi pro meu mano Marcio Moreno fazer algumas ilustrações e aqui está, um guia do skate nas Olimpíadas com várias coisas que tenho certeza que você não sabia.

texto por Josh Friedberg e Larry Lanza (Jenkem)
introdução, tradução, adaptação e informações adicionais por Felipe Minozzi (Fel)
ilustrações por Marcio Moreno


FORMATOS

Street – Masculino e Feminino
Park – Masculino e Feminino

DATAS

A cerimônia de abertura das Olimpíadas está marcada para 24 de julho de 2020, uma sexta-feira. O street masculino acontece no sábado, 25 de julho. O street feminino acontece no domingo, 26 de julho. O park feminino em 4 de agosto e o park masculino em 5 de agosto.

PISTAS

Depois de analisar três concorrentes, o Comitê Organizacional de Tóquio escolheu a California Skateparks para desenhar e construir as pistas para os Jogos Olímpicos.

QUEM ESTÁ NO COMANDO?

A World Skate. A ISF (Federação Internacional de Skate) e a FIRS (Federation of Roller Sports) uniram-se, mudaram algumas coisas no estatuto e formaram a World Skate em setembro de 2017. No ano passado, a World Skate entrou com o pedido de qualificação ao Comitê Olímpico Internacional. No Brasil, a CBSk é a representante nacional oficial nas Olimpíadas, filiada à World Skate.

QUALIFICATÓRIAS

Os skatistas vão poder pontuar durante duas temporadas de eventos. Os eventos oficiais serão anunciados ainda em 2018. Serão eventos profissionais e regionais (nacionais e continentais), para que ninguém fique de fora.

A temporada de 2019 vai de 1º de janeiro de 2019 a 15 de setembro de 2019. A segunda temporada começa em 16 de setembro de 2019 e vai até 31 de maio de 2020. Eles vão pegar as três maiores pontuações da temporada de 2019, as seis maiores da temporada de 2020, e somá-las.

ONDE PODEREI ASSISTIR?

Como todos os anos, no Brasil as Olímpiadas serão transmitidas pela TV aberta. A Globo tem os direitos de transmissão dos Jogos Olímpicos até 2032, o mais longo acordo por direitos já negociados pela empresa.

QUEM ESCOLHE OS SKATISTAS?

Algumas federações, como a CBSk aqui no Brasil, já anunciaram uma seleção nacional. Isso não significa que esses são os skatistas que estarão nas Olimpíadas de Tóquio, mas eles já ganham incentivos do governo, inclusive monetário, para treinarem. No caso dos Estados Unidos, apesar de ser o maior mercado de skate do mundo, o governo não financia nenhum time Olímpico. No Brasil, atualmente, a Seleção Brasileira é composta por:

Street Masculino – Kelvin Hoefler, Luan Oliveira, Tiago Lemos e Felipe Gustavo.
Street Feminino – Vitória Mendonça, Pâmela Rosa, Monica Torres e Gabriela Mazetto.
Park Masculino – Pedro Barros, Luiz Francisco, Murilo Peres e Ítalo Peñarrubia.
Park Feminino – Yndiara Asp, Dora Varella, Isadora Pacheco e Camila Borges.

E OS TÉCNICOS?

Normalmente, a posição mais próxima de um técnico que os skatistas tem, pelo menos até hoje, são os team managers ou videomakers que agem como mentores e ajudam na carreira. Hoje em dia, vários dos maiores skatistas do mundo tem agentes, treinadores, entre outras coisas. Países menos desenvolvidos no skate já estão procurando técnicos (técnicos mesmo) pra dar um gás a mais na evolução dos skatistas. As únicas pessoas presentes na pista durante a competição serão os próprios skatistas.

COMPETIDORES

Serão 20 skatistas em cada competição. Não pode haver mais de três (3) skatistas de cada país por competição (park masculino, park feminino, street masculino e street feminino). Mesmo se sua pontuação estiver perto dos primeiros lugares do país, não importa. Serão apenas três.

Nenhum país precisa ter, obrigatoriamente, skatistas na competição, exceto o Japão, por ser o país sede em 2020. No entanto, é obrigatório haver pelo menos um (1) skatista de cada um dos cinco continentes. Se entre os 20 melhores não houver pelo menos um skatista de determinado continente, o vigésimo lugar será removido e o dono da melhor pontuação desse continente tomará o seu lugar, não importando sua posição no ranking geral.

JULGAMENTO

Os juízes dos eventos qualificatórios para as Olimpíadas serão fornecidos e certificados pela World Skate. Muitos dos principais juízes de hoje já são parte do leque de juízes certificados pela entidade.

O processo de certificação está programado para começar nos próximos 60 dias. O que se sabe até agora é que, nos eventos internacionais, atuarão cinco juízes e um juiz principal, o famoso Head Judge.

Em 2018, a World Skate passou quatro dias na China fazendo um Workshop de Comissão de Julgamento de Skate Internacional, com 17 skatistas de 11 países, num esforço para garantir que a forma de julgamento continue a apoiar o crescimento do skate na base da “evolução antes da perfeição”. Entre os critérios estão a dificuldade das manobras, uso da pista, estilo e fluidez na volta. Você encontra mais informações sobre os critérios de julgamento da entidade aqui.

DOPING

A WADA (Agência Mundial Antidoping) proíbe certas drogas. Os testes são realizados duas vezes – na competição e fora da competição. A lista completa de substâncias proibidas está aqui. Os skatistas podem consultar o status de qualquer substância ou remédio que eles tomam aqui (no caso dos brasileiros, aqui). Caso o teste dê positivo, a responsabilidade é 100% do skatista.

A maioria das substâncias inaladas são proibidas. Suplementos são complicados por não serem aprovados pela FDA (a agência norte-americana que controla alimentos e drogas), podendo conter literalmente qualquer coisa – um suplementos muito popular há alguns anos continha metanfetamina. Quanto à maconha, o CBD (ou canabidiol) não está proibido mas, por não ser controlado pela FDA, pode conter THC, que é proibido. Drogas recreativas como álcool e maconha são proibidas apenas durante a competição, mas os skatistas devem prestar atenção no tempo que a substância fica no organismo, o que varia de pessoa pra pessoa.

A USADA (Agência Anti-Doping dos Estados Unidos) deve reportar qualquer acontecimento em seu site. Ainda não há skatistas nessa lista.

Recentemente, skatistas brasileiros foram pegos no teste de doping realizado pela ABCD (Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem) no Oi Park Jam, em janeiro deste ano. Na época, a CBSk afirmou não acreditar que haveria punição. Leia mais sobre o caso aqui.

AFILIAÇÃO AO STREET LEAGUE

Junto ao SLS e ao Campeonato Mundial, existem outros eventos “pro tour”, que serão definidos como qualificatórias até 2022. A World Skate está trabalhando num acordo para uma série de eventos de park que seja o equivalente ao SLS e as qualificatórias pro street. Vans Park Series, talvez? Ainda não foi definido.

Todas as federações nacionais afiliadas à World Skate também vão realizar um Campeonato Nacional todo ano. Haverá campeonatos continentais de park em todos os continentes a partir de 2019. Esses eventos permitirão que skatistas que não tem condição de sair do país tenham uma chance de participar e pontuar.

Também teremos eventos Cinco Estrelas, que serão as competições profissionais. Serão até três de cada modalidade (park e street) por ano.

E O VERTICAL? E O LONGBOARD?

Street e Park são as principais e maiores modalidades de skate ao redor do mundo. Não há mulheres o suficiente com nível internacional em países menos desenvolvidos no skate e, como os eventos de Tóquio serão realizados com base na igualdade de gênero, foram escolhidos as modalidades com mais skatistas ao redor do mundo. A World Skate espera acrescentar modalidades no futuro.

LIMITE DE IDADE

Não há idade mínima ou máxima para os skatistas olímpicos. Geralmente, a idade mínima é estabelecida para proteger atletas de machucados e contusões. Se você é um skatista talentoso o suficiente pra se classificar para as Olimpíadas, deve ser capaz de suportar os riscos que qualquer skatista, de qualquer idade, enfrenta.

UNIFORME

Roupas e acessórios usados pelos skatistas em Tóquio ficam a cargo dos Comitês Olímpicos Nacionais de cada país.

Os skatistas não poderão usar roupas de seus patrocinadores durante os Jogos Olímpicos ou outros eventos em que representem seu país, como Jogos Panamericanos ou Jogos Olímpicos da Juventude. Eles continuarão podendo usar as roupas dos patrocinadores em eventos comuns, como Street League, Vans Park Series, Dew Tour, X Games, e os Campeonatos Mundiais e Continentais.

Roupas e equipamentos também precisam seguir as 50 regras do COI que especifica, entre outras coisas, tamanho e posicionamento de logos, e o que é considerado “equipamento esportivo”.

Os skates e tênis são classificados como equipamentos esportivos. Isso significa que os skatistas poderão usar os tênis, shapes, trucks, rodas, rolamentos e lixas de seus patrocinadores nas Olimpíadas, contanto que eles estejam disponíveis no mercado para compra há pelo menos seis meses antes dos Jogos.


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texto por Josh Friedberg e Larry Lanza (Jenkem)
introdução, tradução, adaptação e informações adicionais por Felipe Minozzi (Fel)
ilustrações por Marcio Moreno
Artigo original

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