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Qual música de vídeo de skate te marcou?

Pra cumprir a meta de engajamento, igual ao pessoal no Twitter que levanta a discussão de “monogamia ou não-monogamia” uma vez por mês, estou de volta com mais um “Fazendo Uma Pergunta Para Skatistas Diferentes”. Não, esse não é o nome oficial do quadro.

O skate, em si, não é feito apenas pra manobrar e, como diriam nossos concorrentes do Trocando Manobras, ele “é só um pretexto”. Pra mim, particularmente, foi o que me apresentou novos lugares, pessoas, fotografia, audiovisual e várias outras coisas. Mas também, e principalmente, referências musicais.

Pensando nessa relação intrínseca entre o som escolhido e a imagem gravada, e como a escolha de uma música pode ser o que as pessoas vão exaltar como uma das melhores do ano ou o que destruiu o trabalho de meses ou anos, decidimos tirar a dúvida com alguns nomes do skate brasileiro: “Qual a música/artista de um vídeo de skate que te marcou?”;

Dessa vez eu chamei o Felipe Flip, o Parteum, o Alexandre Veloso, a Estefânia Lima, o Febem e a Vitória Bortolo pra responder qual é a obra mais marcante pra cada um e de onde vem essa lembrança boa.


Parteum

“Opa! A música é “Burnt”, um b-side de um dos singles do primeiro álbum do Del (Hieroglyphics). Mike Carroll usou o som, a partir do verso do Opio (Souls Of Mischief), na parte do Questionable Video (1992) — primeiro vídeo da Plan B.”

“Pra minha geração, esse vídeo marca uma mudança drástica no jeito de andar de skate, se vestir e da música que era considerada “música de skate”. Gosto até hoje e tive a oportunidade de contar pro Del, Domino e Opio, em diferentes ocasiões, sobre a importância desse som e dessa parte do Mike Carroll. Del me contou como os sons do coletivo foram parar nos vídeos da Plan B. Nessa época, até a Epitaph (de um dos manos do Bad Religion) era um selo pequeno. De alguma forma, vídeos de skate também alteraram a relação da música independente com produções audiovisuais, bem antes de Hollywood decidir usar sons dos Beasties, por exemplo, em grandes produções.”


Estefania Lima

“Eu poderia citar vários vídeos de skate e suas trilhas sonoras, que muitas fizeram e fazem parte da minha vida até hoje, mas não posso deixar de mencionar a parte da Elissa Steamer no Welcome to Hell, da Toy Machine.”

“A Elissa foi a minha primeira referência de mulher skatista. Eu assisti essa parte repetidas vezes antes da sessão e hoje em dia, quando eu escuto essa música do The Sundays, me emociono porque me remete àquela época e a quão importante foi ter essa referência feminina pra eu continuar andando de skate numa época que não se tinha acesso a internet. A gente não tinha as informações fáceis do que acontecia mundo afora, ainda mais eu morando em Cuiabá. Então a minha música é You’re Not The One I Know.”


Vitória Bortolo

“Eu até fiquei imaginando as pessoas revisitando os vídeos de “mil novecentos e bolinha” para se reencontrarem com as bandas das camisetas velhas preferidas, mas eu preferi não ser nostálgica dessa vez. É porque ainda estou impactada com o som da Cobra Man, banda que desvendei assistindo aos vídeos da Worble (até toquei aquele dia que estava fingindo ser DJ pra vocês, inclusive quando é a próxima festa? – é dia 26/04, Vitória –). Eu não sei que espécie de pacto a galera da Worble tem com Cobra Man, mas eu acho que funcionou.”


Febem

“Música que me marcou em vídeo de skate… Pô, uma só é difícil, hein? Mas eu vou citar três aqui, no rápido: Royal Flush – Worldwide no vídeo da Chocolate, em homenagem ao Keenan Milton; aquela dos Tribalistas no The Firm, na parte do Rodrigo TX, e aquele som do Joy Division na parte do Marc Johnson. Marc Johnson, inclusive, é meu skatista favorito.”


Felipe Flip

“Mano, todo mundo sabe que a carreira do Felipe Flip na música foi diretamente influenciada por vídeos de skate, né? Sempre fui muito viciado em vídeo de skate, desde a época do VHS, e já tinha contato com a música, aprendendo tocar violão… E com uns quinze anos e tal, dezesseis, comecei a andar de skate. E aí as trilhas sonoras dos vídeos de skate me inspiraram muito a mergulhar de cabeça na música, a ter banda, minhas primeiras bandas de punk rock, hardcore e tal.

Logo nessa época eu tive contato com a 411. A gente era muito viciado, fazia um tráfico de VHS, né? Um comprava, outro copiava e a gente passava pra todo mundo. Uma música que me marcou muito foi a parte do Rodrigo Teixeira na 411 #41, que tinha o Rappin’ Hood – É Tudo No Meu Nome, que ficou muito na minha cabeça”.

“E marcou muito, porque nessa época eu era muito fã do Rodrigo Teixeira e mal sabia que, anos depois, ele ia ser meu amigo, meu parceiro, colar no meu show, curtir meu trabalho também. Uma parte que também marcou muito, que eu fiquei muito feliz de ver, foi do meu parceiro Djonga com a música Hat Trick na parte da Sigilo que saiu na Thrasher, do Rodrigo Teixeira também. Foi cabuloso isso pra mim. Ver essas coisas junto, o meu corre da música com minhas amizades do skate ali, juntos, foi sinistro e cabuloso.”

“Como eu falei, era muito viciado em 411, ainda mais porque eles mostravam o artista, a música e até a capa do disco antes da parte de cada um, então facilitava muito, porque antes eu esperava o vídeo até o final pra ver os créditos, pra ir atrás da música. Então não teve como não lembrar do primeiro rap francês que eu tive contato, que entrou pra minha playlist que é Lunatic – Groupe Sangain, na parte do J.B. Gillet na 411. Marcou demais essa época aí.”

“Pra não falar só de 411, o vídeo que mais me inspirou, que eu mais gosto e até cito em letra: Chomp On This me marcou muito, é um vídeo em que eu me inspiro e me inspirou muito na época, porque tem muito a minha energia, aquela coisa do skate do it yourself… Outros integrantes da crew que não são exatamente skatistas profissionais andando de skate também. Então a música do Guns N’ Roses, banda que eu nem curto muito mas entrou de um jeito muito da hora ali, e a música do Beanie Sigel, que eu acho que ele teve que colocar o nome da música como Mac Man, mas é a música do PacMan.

E aí, pra finalizar, uma banda que eu já gostava, mas fui atrás desse álbum, Freedumb. Justamente por causa da música Naked, do Suicidal Tendencies, que eu ouvi na parte dos capotes, na parte dos tombos, da 411 #42. Não sei porque me marcou de um jeito diferente, porque é uma parte meio tensa, de agonia… Foi uma parte que me influenciou muito”.

“Até hoje eu sou inspirado por trilha sonora de vídeo de skate. Eu aprendi a gostar de Jazz Rap vendo vídeo de skate e hoje eu faço um show, eu faço meu Rap com uma banda que tem influência de Jazz Rap, faço um Rap orgânico hoje também, além de só o DJ e MC, então eu acho que eu levei isso pra vida.”


Alexandre Veloso

“Eu nunca vou me esquecer de quando eu vi a parte do Arto Saari, em 2002, no Flip – Sorry, com duas músicas do David Bowie. Foi ali que eu conheci ele, quando eu tinha 14, 15 anos, e isso foi muito foda. Foi uma explosão na minha cabeça, de conhecer músicas clássicas de artistas cabulosos como David Bowie e The Smiths. Esses dois vídeos da Flip, Sorry e Really Sorry, trouxeram esse conhecimento musical que formou minha opinião com relação à música de uma forma muito boa.”


E pra você, qual é a primeira música ou artista que você lembra que só conheceu por causa de um vídeo de skate? Comenta aqui embaixo.

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Jonathan
Jonathan
1 ano atrás

Jhon Lennon – Watching the wheels (Part Nick Trapasso – And now)
Black Eyed Peas – Empire Strikes Back (Part do Salabanzi no Flip Really sorry)
Bob Seger – Night moves (Part do Cory Kennedy no Pretty Sweet)
Não nescessariamente nessa ordem 🙂

Editado em 1 ano atrás por Jonathan

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