InícioSeçõesJetlagLouie Barletta: A saída da Enjoi e os planos para o futuro

Louie Barletta: A saída da Enjoi e os planos para o futuro

De vez em quando, uma notícia pega os skatistas de surpresa. A saída de Louie Barletta da Enjoi, marca criada por Marc Johnson em 2000, é a mais recente. Nossos manos da Jenkem conversaram com o Louie pra saber o que aconteceu, já que ele e a marca eram inseparáveis, pelo menos até agora, e eu traduzi pra você ler tudo. A introdução é de Alexis Castro, a entrevista foi feita pelo Ian Michna e as fotos são do Jeff Davis. Caso seu inglês esteja afiado, o post original da Jenkem está aqui.

Já faz algum tempo que algum movimento choca o mercado do skate mas, esses dias, o anúncio de que Louie Barletta estava saindo da Enjoi atingiu em cheio um monte de gente nascida nos anos 2000. Após anos sendo uma das principais e mais influentes figuras da empresa, Louie saiu de surpresa da marca que ele chamou de casa por décadas.

Pra quem sabe das internas, esse movimento talvez não tenha vindo tão de surpresa. Há boatos de que os negócios da Enjoi não andavam tão bem depois da mudança de donos em 2019, mas é seguro dizer que ninguém esperava que isso resultasse na queda de uma das suas marcas mais amadas.

Curiosos pra saber tudo sobre o que aconteceu, nós procuramos Louie pra ver se ele estava disposto a compartilhar algumas informações sobre como tudo aconteceu, e responder algumas das perguntas de vocês.

Vamos começar com a pergunta mais importante: a Enjoi morreu?
Isso fica pros fãs decidirem. O destino da marca está nas mãos do poder de compra dos fãs que a construíram.

Ok. Então, se não morreu, por que você saiu?
Quando o Marc Johnson começou a Enjoi em 2000, era sobre o time e as amizades. Os últimos meses foram horríveis. Os skatistas do time não estavam recebendo e a resposta era sempre a mesma: “Não atingimos a meta de vendas essa semana, esse mês, etc.”. Eu entendo, a economia está difícil, mas isso estava pesando demais no meu peito, toda semana sabendo que ninguém estava recebendo. Toda manhã eu recebia mensagem de um videomaker, artista ou de algum skatista do time: “Lou, quando vamos receber? Já sabe de alguma coisa sobre a grana?”. Eu não aguentava mais. Nossa base era a diversão e as amizades, e eu sentia que tava todo mundo aguentando por acreditar em mim. Acho que eu parei de acreditar na empresa. Uma hora, eu mandei uma mensagem no grupo da Enjoi, dizendo que amava todo mundo e não conseguia mais aguentar. Escrevi aquele post no Instagram, apertei “publicar”, larguei meu celular e comecei a chorar. Foram 23 anos da minha vida. Amigos e relações que vieram e foram, e você só pensa em todos esses momentos épicos e como era fazer parte de tudo isso. Quando eu publiquei no Instagram, tudo isso acabou. Eu saí com a ideia de que todos os outros ficariam na Enjoi e fariam seus próprios caminhos. Eu cheguei a falar pra alguns do time que, se eu saísse, seria uma chance de confrontar a empresa e tentar receber pra ficar na marca. Então foi uma loucura ver todo mundo saindo também. Vendo o meu post, repostando e saindo. Foi uma viagem, cara. Não era essa a intenção. Eu só cheguei no meu limite pessoal. Tirei um peso dos ombros e continuei em frente. Foi isso, cara.

Você pode cortar o cabelo agora que acabou o contrato?
(risos) Eu tentei cortar meu cabelo. Fui ao Supercuts e fiz um corte normal, mas a merda é que eu saí de lá e ainda era o Louie Barletta. Eu realmente achei que ia cortar o cabelo e seguir em frente. Ainda tenho o mesmo senso de humor, o mesmo gosto musical. Não é um corte de cabelo, é um estilo de vida, cara.

Você ficou feliz de ver os outros saindo do time depois que você saiu?
Bom, pra começar, eu não pedi pra ninguém sair comigo. Eu nem falei com ninguém sobre a minha saída. Como líder, eu tento reclamar o mínimo possível com eles. Mas eu posso dizer que fui muito sincero com todo mundo. Quando o Bod Boyle (ex-presidente da Dwindle, que é dona da Enjoi) saiu, eu fiz uma reunião com o time no Zoom. Falei que o Bod tinha saído, que não via uma boa perspectiva a curto prazo e que ninguém havia dito nada sobre pagar os atrasados ainda. Falei que, se eles tivessem pra onde ir, que não ficassem. Zack (Wallin) e eu já tínhamos conversado e ele estava pronto pra sair. Eu usei ele de exemplo e disse: “Saia se você tiver algum outro lugar que vai te pagar. Eu vou ficar e, se a gente virar o jogo, vocês podem voltar, sem problema nenhum”. Terminei esse reunião no Zoom com três razões pra ficar. A primeira era porque eu já tinha visto vários presidentes de empresa irem e virem e isso não significa, necessariamente, o fim de tudo. Talvez o novo presidente trouxesse uma nova visão, um plano melhor pra pagar todo mundo. A segunda era que eu sabia que os nossos donos atuais já tinham um programa bem forte com o Walmart e outras grandes lojas de departamento. Eu queria ficar pra garantir que a Enjoi não virasse uma marca de supermercado. Daria o meu melhor pra repelir ideias desse tipo. E a terceira… Porra. Eu estava lá desde o começo da Enjoi e não queria vê-la morrer nas mãos da corporação. Respondendo à sua pergunta: ver todo mundo sair não me fez sentir bem, cara. Me fez sentir como a última gota d´água. Eu fiquei preocupado… Tem todos esses skatistas com tattoos da Enjoi e, porra, estamos acabando essa parada que todo mundo achava foda, legal, e eu não quero ninguém me culpando. Eu achei que as pessoas ficariam bem chateadas comigo. Na verdade, teve um moleque que me procurou e mostrou a tattoo: “Cara, a Enjoi é a melhor, a época em que você estava lá”. Ele foi bem positivo com a situação e ficava dizendo: “Quando eu tô triste ou cabisbaixo, eu olho pra minha tattoo do panda e me lembro de me divertir, passar bons momentos. Obrigado por isso”. Isso me ajudou muito.

“quando a nova corporação nos comprou foi tipo: nós somos apenas números”

Você pode contar os bastidores da Enjoi e o que aconteceu por lá nesses últimos anos?
A Enjoi foi da Globe por muitos anos, até 2019. As pessoas costumavam reclamar que era de propriedade de uma “corporação”, isso e aquilo, mas uma vez eu apareci sem avisar nos escritórios da Globe na Austrália e um dos irmãos Hill (proprietários da Globe) estava saindo suado da minirrampa e disse: “Louie! Ah, cara, eu não sabia que você vinha. Eu ando na rampa durante o intervalo de almoço. Queria saber que você estava vindo, poderíamos ter andado juntos”. Fiquei impressionado. Era o cara “corporativista” fazendo uma sessão solo na mini, na hora do almoço! Passaram vários anos e fomos comprados por uma verdadeira corporação em 2019. Aí você vê o que eles realmente podem fazer com uma marca. Então, para mim, foi agridoce. Eu não devo nada aos caras da Globe, mas quero que essa história seja contada porque sempre foi irritante ver alguns skatistas falando mal da Globe por ser uma corporação. Passamos por alguns anos difíceis por volta de 2008, 2010, quando perdemos toneladas de dinheiro. Eu estava sentado em uma reunião com Gary Valentine (diretor financeiro), revisando orçamentos para o ano ou algo assim. Gary disse: “Louie, estamos dando a você este orçamento porque amamos a Enjoi e acreditamos no skateboarding. Se fôssemos apenas homens de negócios, teríamos acabado com a marca”.

Como a Enjoi mudou depois de mudar de dono pra uma grande empresa em 2019?
Quando a nova corporação nos comprou foi tipo: nós somos apenas números. O melhor exemplo que eu posso te dar é o seguinte: na última primavera, nós fizemos a High Wire demo tour, um pouco mais de duas semanas na estrada. As demos estavam cheias, a energia estava nas alturas. Fizemos um vídeo foda, matéria na Thrasher, tudo que tínhamos direito. Chegamos em casa e, na outra sexta-feira, eles demitiram nosso team manager, Jeff Davis. Eu liguei pro Bod na hora pra reclamar, e ele estava desolado. A ligação tinha vindo de cima dele, e o motivo foi: “Não tinha ninguém nesse cargo quando nós compramos a marca”. Essa foi a justificativa para demiti-lo. Além disso, tudo era guiado pelas vendas e previsões. Quando a Globe era nossa dona, fazer um conteúdo foda era a prioridade número um. Com os novos donos, era tudo sobre atingir metas de venda. A melhor maneira de resumir é: em novembro, nós tivemos uma promoção pré-Black Friday, e depois a Cyber Monday. Nós fomos muito bem em novembro. Com as vendas e os feriados de fim de ano, fizemos uma grana ridícula de grande esse mês. Adivinha o que veio depois? Bom, eles colocaram pra dezembro as mesmas metas de novembro. Totalmente inatingível. E como não atingimos a meta em dezembro, adivinha? Ninguém no time recebeu.

Então o Bod saiu depois que começaram a vir ordens de cima pra demitir as pessoas?
É. No último outono, nós tivemos uma reunião terrível com os novos donos. Eu ouvi e o Bod tentou explicar como nós poderíamos sair dos problemas e estabelecer um plano e tudo mais, mas ninguém nem ouviu. Os chefes não o ouviram. Acho que eles chegaram pro Bod depois dessa reunião e mandaram ele demitir vários de nós. Pessoas que trabalharam com ele por mais de 17 anos eram apenas “custo” para os donos. Acho que essa foi a gota d´água pra ele, e ele pulou fora ao invés de demitir seus amigos. Depois que o Bod saiu, eles fizeram outra reunião com todos nós, mas não pareciam ter um plano ou respostas pras nossas perguntas. Alguém chegou a perguntar sobre os pagamentos do time de skate e ouviu de um executivo: “Esse é um infeliz subproduto do mercado do skate”. Foi um tapa na cara seco pra nos acordar.

Eu achava que a Enjoi estava indo muito bem, até por causa do documentário e dos vídeos dos amadores. Imaginei que estavam vendendo bastante shape durante a pandemia também.
Nós estávamos indo muito bem, cara. Antes da Covid, nossas vendas de shape estavam indo melhor do que sempre foram. Aí a Covid chegou e as vendas aumentaram ainda mais. Mas nós nos apoiávamos muito no vestuário também, e isso estava indo bem também. O lado ruim era que eu via as vendas mas nada disso chegava até nós, e era isso que estava sugando a minha alma. O dinheiro estava saindo da Enjoi e não voltava como investimento pra nós. Não sei te dizer pra onde tava indo… Vendíamos bem, mas o dinheiro não voltava para a marca. Então é óbvio que alguma outra coisa, em algum outro lugar, precisava desse dinheiro. Eu acho que havia vários problemas com a produção e entrega dos produtos, porque com a Covid as entregas eram adiadas, ou não tínhamos produto pra vender, e aí do nada tínhamos um estoque gigante, mas você não tá pagando ninguém pra divulgar. Uma tempestade perfeita que não faz sentido.

“Eu via as vendas mas nada disso chegava até nós, e era isso que estava sugando a minha alma. Vendíamos bem, mas o dinheiro não voltava para a marca”

Então você nunca foi dono da Enjoi, certo? Era só um funcionário?
Sim, eu sou um contratante independente não-exclusivo. Tinha a tarefa de dirigir a Enjoi e andar pra Enjoi, mas podia andar pra outras marcas também. Ainda ando pela Krux e poderia trabalhar pra outras distribuidoras de rodas, rolamentos, essas coisas.

Tenho que perguntar uma coisa: quem deu a ideia da controversa etiqueta de roupa na época (a etiqueta dizia: “roupa suja mantém as mulheres ocupadas”)? Você se arrependeu daquilo?
Eu nunca gostei ou entendi essa etiqueta, mas vou responder do melhor jeito que consigo. Eu não inventei a etiqueta nem estava envolvido com a criação da marca nessa época. Não sabia de nada até ver numa camiseta. Pra mim, aquilo não representava a vibe da Enjoi, que pra mim sempre foi inclusiva: gay, hetero, homem, mulher, ande bem ou ande mal de skate, quem liga? O importante é se divertir, isso já te faz parte da parada. Na verdade, uma das primeiras coisas que fiz quando fui cuidar da marca foi tirar isso de produção. Acho que tentaram fazer uma piada. Mas, pra mim, aquelas eram palavras perigosas direcionadas à crianças influenciáveis. Eu ainda tenho a mesma sensação ruim no estômago quando vejo, a mesma que tive quando vi pela primeira vez.

Algumas pessoas estão ventilando a hipótese de que esse novo site e marca, Jacuzzi Unlimited, é alguma coisa com a qual você está envolvido. É verdade?
Bom… (risos). Se alguém chegasse pra você e dissesse: “Nós temos uma cerveja, uma banheira e todos os seus amigos”. Você não gostaria de se envolver nisso? Me fala se isso não parece ser coisa boa. (risos)

Parece a melhor coisa. Ilimitado (unlimited)!
(risos) Essa parada da Jacuzzi, sinceramente, é a tempestade perfeita em que eu e o Jeff Davis (ex-team manager da Enjoi) estamos trabalhando juntos. Mas com o Jeff sempre foi como duas engrenagens perfeitamente sincronizadas que giram juntas. Tanto que nós dois estamos constantemente nos perguntando: “essa é uma ideia boa mesmo ou só somos dois idiotas?”. (risos) As ideias, o time, tudo fluiu naturalmente. Sinceramente, me sinto nos primeiros dias da Enjoi, quando não tínhamos nenhuma empresa gigante como dona e não precisávamos seguir nenhum regra. É bem foda. Os caras já estão fazendo suas próprias camisetas e adesivos. A animação é real. Não é tipo: “precisamos de alguém dessa região”, ou coisa do tipo. Nosso time anda junto de verdade, são parceiros, sabe? Eu já vivi isso antes… Tem algo especial nesses caras. Tem uma vibração, uma conexão entre todo mundo. Não estou preocupado com alguém mijando na piscina. Sobre como isso começou… Quando o Jeff Davis foi demitido, ele focou nessa parada da Jacuzzi. Eu não posso ter os créditos por muita coisa, além de que ele chegou com o nome e nós, juntos, colocamos o Unlimited, sabe?

De onde veio o nome?
Eu daria os créditos do nome pro Cairo Foster e pro Ron Wahley, porque eu costumava sair em tour na época e levava esses shorts do Dark Side of the Moon. Depois de andar de skate o dia todo, se o hotel tivesse uma jacuzzi ou uma banheira, eu ficava: “É, cara, eu vou pra jacuzzi hoje à noite!”. Aí o Ron e o Cairo começaram a me chamar de Jacuzzi Lou. O Cairo ficava: “O Jacuzzi Lou vai viajar com a gente nessa?”. E eu respondia: “Com certeza! Já tô com o short do Dark Side of the Moon”.

Mas isso é a sua nova marca ou é só uma piada?
Já temos um time ansioso pra mandar ver, cara. Há pessoas animadas pra isso. Então, agora que estou oficialmente me mudando, estamos falando com algumas pessoas pra lançar tudo de forma apropriada. Eu não preciso de uma marca pra dormir à noite sabendo que ainda sou Pro. Tô entrando nessa com a ideia de que vamos realizar sonhos da nova geração de jovens skatistas. E não vamos conseguir fazer uma Jacuzzi Barcelona ou Jacuzzi Japão tocando isso da minha garagem, então tem muita coisa de bastidor em que eu estou trabalhando. Tô animado pra levar isso adiante.

Vocês estão trabalhando num vídeo?
Sim, com certeza! Eu ando filmando e queria soltar uma parte antes de fazer 21 anos, então ao invés de uma parte solo nós vamos usar tudo no primeiro vídeo da Jacuzzi.

Vocês da Enjoi, e agora da Jacuzzi, tem um senso de humor perante à vida que é bem peculiar. De onde você acha que isso vem?
Eu diria que o espírito da individualidade estava lá no começo com o Marc Johnson. Numa época de calças grandes e rodas pequenas, ele estava usando Dickies apertadas e camisetas brancas. Marc realmente foi o precursor em mostrar que você pode ter sucesso fazendo do seu jeito. E o Jerry (Hsu) veio e também fazia do jeito dele. Dá pra ver que tem um miolo de pessoas que só querem ser indivíduos, e acho que isso era a Enjoi. Apenas um grupo de amigos se divertindo e fazendo do nosso jeito, sabe? As manobras duram apenas três segundos. Não dá pra ser amigo delas. Você tem que ser amigo da coisa toda.

“Nos últimos 15 anos recebi ofertas, mas nunca pensei em aceitar porque a Enjoi é meu bebê, minha vida. Isso é tudo pra mim”

Agora que você é um agente livre, consideraria andar pela Sci-Fi Fantasy?
(risos) Na verdade, eu já tenho metade de uma parte. Eu falei pro Jerry Hsu (dono da Sci-Fi), tipo: “Estou pronto pra andar pela Sci-Fi, mas vocês não fazem shape 7.5, então vou fazer minha própria parada”. (risos)

Você recebeu ofertas de outras marcas nos últimos anos?
Nos últimos 15 anos recebi ofertas, mas nunca pensei em aceitar porque a Enjoi é meu bebê, minha vida. Isso é tudo pra mim. Nunca levei nada disso a sério e, quando saí semana passada, meu pensamento foi de relaxar e não fazer nada.

Você não ficaria entediado se não fizesse nada depois da enjoi?
Como eu ficaria entediado com o skate?

Talvez “saturado” seja a palavra certa.
Você só fica saturado quando faz a mesma coisa repetidamente. Andando de skate com nossos amadores eu conheci novos picos que nunca tinha visto e continuei evoluindo. Eu não treino pra andar em corrimão; eu ando em picos pequenos e me divirto. O Louie de cinco anos atrás teria rido dessa versão do Louie, tipo: “Você é patético, o que você tá fazendo?”. Mas é divertido, e quer saber? Eu nunca olho pra trás, é isso que me faz continuar adiante.

Então enquanto você não estiver fazendo a mesma coisa de novo e de novo, em teoria o skate sempre vai ser divertido?
Com certeza. Eu falei isso pra um dos skatistas do time quando conversamos sobre envelhecer. No segundo em que eu percebi que não estava competindo com ninguém, o skate se tornou muito mais divertido pra mim. Você fica tão estressado por ser profissional e tentar se manter num padrão que alguns ficam malucos. Ouvi um velho amigo dizer uma vez: “Tô ficando muito velho pra acompanhar”. Eu ri e disse que, no skate, você só envelhece se achar que tem que acompanhar a molecada de 15 anos. Tem dia que é um desafio pra mim dar um flip tail de back numa borda. Tem dia que é um desafio sair da cama. É muito ruim quando não vem naturalmente, mas é sempre divertido se desafiar!

Algum dia você vai revelar sua idade real?
Quando a Jenkem precisar de um empurrão, a gente faz algo pra revelar minha idade. (risos)

Vamos fazer um desenho de shape. Uma arte da Jacuzzi Unlimited revelando sua idade.
Uma arte pra raspar e revelar!

É isso! (risos) Ok, por enquanto me fala pelo menos qual é o seu signo. (risos)
Touro, claro. Tô sempre falando merda (full of bullshit)!

O que você diria pra alguém que diz que é bom que vários skatistas tenham saído da Enjoi e a marca mudou? Que as marcas tem um tempo de vida e, quanto mais você mantém uma, elas acabam estagnando e estragam?
Bom, não posso comentar sobre a Enjoi porque estou muito envolvido. Mas, pra mim, marcas como a 101 são muito foda, porque só existiram durante um pequeno período de tempo, minha infância. Egoístamente, é uma coisa só minha, e ninguém pode envelhecer ou estragar essa memória. Aí você olha pra marcas que continuaram depois que o coração do negócio saiu; essas marcas apodrecem. Sem ofensas a ninguém que anda pra marcas que continuam “depois do acontecido”, mas todos sabemos, no fundo, que elas deveriam ter morrido com dignidade. Sou muito próximo da Enjoi, então acho que alguém pode surgir e transformar em algo muito foda, que nós possamos olhar e falar com orgulho que fizemos parte dessa marca. Eu sei que isso foi uma das minhas maiores motivações: tentar ser verdadeiro e fazer com que todo mundo que andou pela marca tenha orgulho.

“Você olha pra marcas que continuaram depois que o coração do negócio saiu; essas marcas apodrecem. todos sabemos, no fundo, que elas deveriam ter morrido com dignidade”

Como você está se sentindo depois de todas essas mudanças doidas na última semana?
Tava pensando nisso na cama a noite passada. É difícil você sentir a admiração dos seus pares enquanto tá vivo. Você precisa morrer pra receber essa admiração que eu recebi nesses últimos dias. Fico até engasgado falando isso… É fenomenal sentir isso. Me sinto muito abençoado. O que me deixa chateado é saber que, quando eu morrer, alguém vai fazer meu obituário e vão saber minha idade real! (risos) Então eu fico tipo: “Porra, preciso continuar vivendo, cara. Não dá pra desistir”.


entrevista por Ian Michna – Jenkem
fotos por Jeff Davis
tradução por Felipe Minozzi (Fel)

Artigo original

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Ahab
Ahab
6 meses atrás

Faz a tradução da entrevista com o Johnny Layton.
https://www.jenkemmag.com/home/2016/06/27/wheres-johnny-layton/

SEGUE NÓIS

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