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Dennis Busenitz – Jenkem

Direto da Jenkem Mag, um dos skatistas mais estilosos do mundo.

Mais uma entrevista gringa, trazida com exclusividade pela Black Media pra você que não tem grana pra fazer um Open English ou uma Wizard. Se quiser, pode conferir a entrevista original feita pelo Ian Michna na Jenkem Mag.

Dessa vez, um dos caras mais rápidos que já pisaram em um skate. O furacão Dennis Busenitz fala sobre ser profissional, o skate como sustento da família e o que a rua tem de vantagem em relação às pistas. ENJOY!


É verdade que sua esposa anda?
Sim, mas faz um tempo que ela não anda. Sempre dou uns shapes pra ela, e tento fazer ela ir andar comigo, mas ela nunca vai (risos). Tento mostrar que é uma boa diversão em famíia, tipo, irmos todos pro skatepark e ficar caindo de cara no chão, mas não rola. Ela consegue subir guias de ollie e tal, isso é da hora. Ela nunca deu um flip, mas consegue pegar um gás na pista.

Você sustenta sua família com o skate. Existe um limite quando você vai aceitar novos patrocinadores? Tipo, você aceitaria um patrocínio de energético ou de uma marca de celulares?
É, as pessoas vivem me dizendo pra pegar um patrocínio de energético. Mas acho que essa é uma linha que não quero cruzar. Não acho que haja algo errado em fazer isso, mas acho que, enquanto eu estiver bem, prefiro não fazer isso. Eu não acredito nesse tipo de coisa. Não acho que os glorificados Kool-Aids (marca gringa) sejam algo que vale a pena beber. Acho que todos esses energéticos fazem mal, então não quero apoia-los também.

É bom ouvir isso.
Eu sempre acho que é um senso comum que essas bebidas fazem muito mal, mas acho que as crianças não sabem. Eles acham que é só uma coisa boa pra beber quando se está andando. Mas é mais ou menos como um veneno.

Conte como você quase morreu com o Jake Phelps.
Estávamos em uma viagem com a Volcom em Perth, na Austrália, e devíamos voar para Melbourne. O Jake Phelps também estava na viagem e decidiu que era mais divertido alugar um carro e dirigir pelo país. Ele convidou a mim e seu amigo Monk e, na hora, pareceu uma ótima ideia.

Com um dia de viagem, Jake estava dirigindo e eu e Monk estávamos dormindo. O Jake estava a milhão; é assim que ele dirige. A gente estava a uns 165 km/h. Nisso, o Jake queria tirar uma foto ou sei lá o quê, e começou a procurar a câmera, que estava no seu pé. Conforme ele procurava com a cabeça baixa, o Monk acordou e achou que Jake tinha dormido, foi seco pra pegar o volante e, no momento que ele colocou a mão, a gente começou a derrapar e acabou capotando.

Capotou quantas vezes?
Durou um tempo. Provavelmente, uns quarto ou cinco giros. A gente atingia o chão e depois ficava tudo bem quieto, enquanto girávamos, daí batia no chão de novo e voltava a ficar silencioso. Foi o mais perto que eu cheguei da morte, com certeza.

O que aconteceu depois?
A polícia chegou. Tinha muita árvore em volta mas, por sorte, não atingimos nenhuma. Mesmo assim, tinha uma pequenininha no meio do volante que, por pouco, não atravessou a cabeça do Jake. Tivemos muita sorte; foram só alguns arranhões, mas nada sério.

A polícia nos deu carona até a próxima cidade, onde nós fomos pro bar e ficamos bêbados rapidinho pra superar o trauma.

Vocês ficaram putos?
Nós ficamos putos com o Jake, e ele dizia: “Podem me bater, eu mereço”. Então eu dei um diretão na cara dele, derrubando ele do banquinho do bar. Tenho certeza que algumas pessoas tiveram inveja de mim. Acho que ele não esperava que eu fosse dar um soco desses, mas eu estava putasso. Aí expulsaram a gente do bar; eles não sabiam que era um soco entre amigos, acharam que era briga pra valer.

Você gosta de desenhar seus próprios obstáculos. Você faz outras coisas também? Mesas, cadeiras, etc…
Sim, eu venho construindo coisas pra casa. Mas só consigo fazer esse tipo de coisa quando não tenho mais nada pra fazer, e eu sempre tenho alguma coisa pra fazer (risos). É um privilégio quando consigo construir algum obstáculo.

Quanto você ganha se eu for pra loja agora e comprar o tênis que você assinou? Alguns centavos? Alguns dólares?
Alguns dólares.

Isso é muito bom.
Acho que é… Não posso reclamar. Sou muito agradecido. Obrigado a todos que compram meus tênis e shapes. Meus filhos podem comer granola orgânica toda manhã (risos).

Porque a molecada devia andar mais na rua do que nas skateparks?
Porque as ruas são selvagens. Lá acontecem coisas que nunca aconteceriam numa pista. Acho que as pistas são ambientes controlados, onde você pode melhorar, mas perde a parte espontânea do skate com o mundo, trânsito e pessoas. Você é forçado a andar em coisas que não foram feitas pra isso, ainda mais agora com os skatestoppers. Isso pode fazer você ter um olhar mais criativo, enxergar coisas que você não via antes.

Você se sente confinado quando anda numa pista cheia ou num lugar pequeno?
Sim, acho que sim. Se você está numa pista ou num galpão, tem uma grade em volta. Isso não se mistura com a liberdade que o skate deveria te dar. Ainda dá, mas é mais divertido não ter esse tipo de limite.

Você já recebeu algum bom conselho sobre como andar de skate?
Bom, meu amigo Matt, na época da minha parte no Seeing Double (tá embedado aí pra cima), me disse: “Ah, Denis. A parte é boa mas, pô, smith, tailslide… Você pode fazer melhor que isso”. Nunca vou me esquecer disso. Uma crítica construtiva necessária. Eu achava engraçado. Ele me disse pra fazer mais do que o básico.

Já pensou em mudar para o longboard pra ir mais rápido, ganhar mais velocidade?
Não, nunca quis longboard. (risos) Não dá pra dar ollie com longboard. E sem ollie, você fica muito limitado.

Mas você pode dar um milhão de slides, se quiser!
É, mas dá pra dar um slide e subir a calçada (risos)? Como você anda pela cidade sem poder dar ollie?

Ok. Agora uma pergunta mais séria. Em algum momento, você já pensou em desistir do skate?
Hum… Sim. Um ou dois anos depois de me mudar para a Califórnia. Estava me adaptando às coisas daqui e não andava muito ligado no skate. Mas acho que estar cercado de boas pessoas me ajudou a passar por isso. Foi nessa época que a Real e a Anti Hero fizeram tours juntas e eu pude andar com um monte desses caras. Ele me influenciaram muito bem. Cardiel me inspirou e continua me inspirando, até hoje, a continuar. A ideia dele sobre o skate é simplesmente incrível.

O que te incomodava na Califórnia quando se mudou pra cá?
Não sei… É tudo tão bizarro e esse mundo profissional do skate me deixou maluco na época. Eu não sabia o que as pessoas esperavam de mim, o que eu deveria fazer… Eu estava me pressionando pra acompanhar as coisas, chegar em um certo nível de skate. Isso me deixou maluco. É tudo uma merda, e eu levei um tempo pra perceber isso.

Últimas palavras?
Os garotos devem andar mais na rua. Saia e ande de skate onde quer que seja antes que se torne algo completamente illegal.


Entrevista por Ian Michna
tradução por Felipe Minozzi (Fel)
Artigo original

Thanks for the third time, Jenkem Mag!

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