Os filmes de skate, também conhecidos como full length, são objetos culturais do nosso meio e não existe a possibilidade disso ser esquecido, mesmo na geração das publicações de até 60 segundos.
Desde os primórdios do skate, na Califórnia ou no resto do mundo, os registros de um tempo, de uma geração, de uma marca, de um skatista, são celebrados antes, durante e depois do seu lançamento, quase que como uma seita em alguns dos casos.
Pensando em como essas obras cinematográficas sempre foram e sempre serão importantes para guiar nosso meio, nós resolvemos levantar o seguinte questionamento pra alguns skatistas: “Qual o vídeo de skate mais importante pra você?”.
Eu não consegui decidir qual o meu vídeo favorito, mas a Lorena Fernanda, o Kamau, a Grazi Oliveira, o Biano Bianchin, o Diogo Gema e o MOTTILAA conseguiram e você pode ler o relato deles abaixo.
Lorena Fernanda
“O vídeo que foi importante pra mim, que assisti várias vezes, que eu assisto até hoje e apresento pra várias amigas é o ‘We Can Do It!‘ do Divas, né? Que catou algumas meninas do skate e saíram fazendo. Esse vídeo foi extremamente importante pra mim porque eu vi várias meninas juntas andando de skate, vi várias meninas manobrando e era uma coisa que nunca tinha visto em vídeos. Não sei se era o fato de não conhecer, não saber, mas mudou muito a minha visão no skate. Eu quis andar mais ainda de skate, vi que o skate era possível pra meninas, que era foda pra caramba ter aquelas mulheres como inspiração pra mim. E é isso, ‘We Can Do It! – Divas Skateras’, bota aí pra todo mundo assistir que esse vídeo é relíquia, doido de mais!”
Kamau
“Acho que o full video mais importante da minha vida, que virou a chave mesmo, foi o ‘Hokus Pokus‘, da H-Street, que a gente sempre chamou de ‘agá-street’. E talvez, analisando, tudo que eu gosto tem a ver com esse vídeo de alguma forma, porque da H-Street saiu o Mike Ternasky, saiu o Matt Hensley, Sal Barbier, foram fazer o Plan B. Daí da Plan B saiu o pessoal da Girl e por aí vai, então acho que tem tudo muito a ver com isso mesmo, com esse vídeo da H-Street. O Sal Barbier; ver o negrão ali na tela com aquele tênis Vision cabuloso, que eu nunca tive, música do Ron Allen que eu só fui saber depois que era do Ron Allen, acho que é esse o vídeo mais importante pra mim mesmo. Me deu mais vontade de ir pra rua, andar e explorar a rua e me trazer até aqui.”
Biano Bianchin
“Pra mim, o vídeo que foi o ponto de virada no meu skate, acho que na minha visão de skate, foi o ‘Plan B – Questionable‘, de 1992. Eu venho de uma geração do final dos anos 80. Então é lógico que eu peguei outros vídeos que também me deram gás pra andar, que eu vi que é isso que eu quero: ‘Ban This‘, ‘Hokus Pokus‘, ‘Shackle Me Not‘, ‘Streets On Fire‘… Mas quando eu lembro de um vídeo que fez toda diferença no meu skate, que me trouxe até hoje, foi o Plan B – Questionable, que foi uma revolução, uma mudança enorme do street de um dia pro outro, da noite pro dia. Eu me lembro que como a gente não tinha muito acesso ao material gringo como hoje. A gente usava o shape tubarão,truck 159, roda 58/60mm, com grabber… E aí, de um dia pro outro, mudou. Tivemos que começar a improvisar, as calças alargaram, o estilo mudou, a gente começou a tornear as rodas de 58mm pra 48mm, os trucks de 159/169 viraram 129, o shape virou double-deck. Então esse foi um vídeo que me marcou muito, me influenciou muito até hoje, um vídeo que revolucionou o street, tornou o street técnico. Foi onde eu vi o Danny Way que, no final dos anos 80, andava no vertical; ele e o Colin McKay fazendo street, com essa visão mais overall e o skate super técnico, né, cara? Na música também foi um vídeo que me influenciou muito. Foi onde a gente começou a escutar muito hardcore, rap… Ali eu conheci o Pennywise, Bad Religion. Foi o vídeo que eu vi o Pat Duffy a primeira vez, os caras descendo uns puta corrimãos. Foi o vídeo que revolucionou o skate street, cara. Os caras andando no vert, no street, o skate super técnico. É um vídeo que revolucionou e que é atual até hoje em termos de manobra, de música. O Plan B – Questionable é o vídeo que me marcou e até hoje eu curto assistir.”
Grazi Oliveira
“De antemão são muitos vídeos, tá? Mas eu iria num clássico que é o Pretty Sweet, porque foi bem numa época que eu morei nos Estados Unidos, na Califórnia, e eu tenho uma história muito louca com ele. O Adelmo Jr. foi um cara muito importante quando eu morei lá; ele me ajudou muito, foi como se fosse um padrinho, e ia ter a première em Hollywood do Pretty Sweet. No cinema, bem chique, só com os caras mais zicas do skate. Ele tinha acesso e, obviamente, eu não. Então eu cheguei até a frente da parada, meio que ‘o não eu já tenho, qual a chance de eu entrar?’. Mas vamos lá, brasileiro não desiste nunca. Eis que Adelmo surge e me coloca pra dentro. Quando a gente senta pra assistir, nas fileiras da frente estavam o Spike Jonze, Guy Mariano, sabe? Os caras mais zicas do skate, que são referência pra mim. E aí o mais impactante foi ver naquela época um filme de skate cinematográfico, né? Com câmeras, efeitos, todo aquele cuidado de cinema mesmo, sabe? De quem trabalha fora da cena do skate mas envolvendo o skate, trazendo uma nova linguagem, toda uma parte de pós muito cabulosa. Aquilo me impactou muito, muito, muito e, obviamente, depois eu assisti zilhões de vezes o filme. Acredito que não só eu, mas muitas pessoas tem esse filme na memória pra sempre. Além da trilha sonora ser muito marcante, de você escutar o som e já lembrar da vídeo parte da pessoa, de quem fez parte. Além de todos os vídeos da Girl, esse foi um dos mais marcantes da minha vida por ser uma película cabulosa e também pelo fato de eu ter vivido essa história maluca que eu vou contar pra todo mundo, pros meus filhos, pros meus netos e num livro, se um dia eu escrever [risos].”
Veja o Pretty Sweet em HD ultra master qualidade aqui.
Diogo Gema
“O vídeo que mais me impactou até hoje é o Thrasher – Skate And Destroy, de 1996. Eu não sou tão velho no skate mas comecei no final de 1997 pra 1998, e ele me impactou muito porque meu pai não gostava que eu andasse de skate, e o amigo dele pediu pra ele copiar uma fita pra ele. Era essa obra de arte que até hoje me inspira muito. Ela inspirou muito eu e meu irmão, porque foi um divisor de águas pra gente. Todos os meus amigos gostavam de correr campeonato naquela época, e meu irmão sempre gostou de tentar ficar na rua, de andar nas calçadas, nas bordas, tudo por causa desse vídeo. Foi um divisor de águas porque ele tem um pouco de tudo: vivência, campeonato na Europa, e finaliza em São Francisco, lá no Pier 7, que sempre foi um sonho conhecer. Recentemente, eu conheci o lugar e lembrei muita coisa desse vídeo. Era um vídeo que, ao mesmo tempo que começava muito moderno, com os caras andando nas paredes, muitos wallrides, muitos melons, na metade entrava uma sessão pesada em Boston. Tinha até o Roger Bagley do Nine Club, Jahmal Williams, uma galera pesada de lá. O vídeo finalizava em São Francisco com o Rob Welsh, Pat Washington, Karl Watson, Chico Brenes, Mike York. O vídeo termina com duas linhas do Josh Kalis: uma no Central Park e outra no Pier 7. Esse vídeo também me impactou bastante porque eu e meu irmão ficamos pensando: ‘Caramba! Como eles conseguem seguir atrás do skatista? Será que eles usam bicicleta, patins, patinete?’. Eu achava esquisito. Várias coisas me surpreenderam na época: como os caras conseguiam colocar música, como era a fisheye, como ela retorcia tanto assim… Várias novidades que, pra mim, não existiam”.
MOTTILAA
“Cara, difícil é falar o vídeo que mais me impactou. Se for pra escolher um, vou falar o Chomp On This, da Transworld. Porque é o seguinte, cara: aquele vídeo, pra mim, trabalha na mesma frequência que eu. Achei muito foda a ideia de fazerem um vídeo com a galera da redação da revista, dos fotógrafos, videomakers… Tem a parte de cada um, misturadas com a parte de vários caras tipo o Koston, Jamie Thomas… Eu achei genial a ideia. Não só genial a ideia, como a montagem do vídeo, a edição, a trilha sonora, aquela parada dos fantasminhas do Pac-Man aparecendo com a musiquinha quando o cara cai. Sempre assisto desde que lançou; volta e meia eu boto pra assistir. Eu acho que aquele vídeo ali traduz bastante a essência do skate, porque tem pessoas do convívio do skate, que é uma coisa natural. A gente tem o videomaker, o cara da redação, o designer, o fotógrafo, todos que convivem com skatistas profissionais que andam muito. E essas pessoas não necessariamente andam muito, mas dão seu rolé. É um vídeo democrático. Às vezes eu, como profissional do skate, tô numa sessão com skatistas profissionais amigos meus e, por mais que a pessoa ande muito mais que você, sempre rola aquela comemoração quando você manda uma manobra que tá tentando há muito tempo. Porque ele sabe aquela sensação, ele já andou mal [risos]. Eu acho que o Chomp On This traduz muito essa essência do skate, essa camaradagem, essa celebração. Acho que esse vídeo é uma grande celebração ao skate e tem esse lado cômico. Me identifiquei muito com ele, e é por isso que escolhi esse vídeo pra citar.”
E pra você, caro Black Medier, qual o seu filme favorito de todos os tempos e porque?
Stay gold é perfeito do começo ate o fim só fica atrás do lowmovie
Mkd traste, melhor vídeo do mundo
Nacional sempre de dúvida Dois da 100%skt lembro q a parte do Gabriel Dentinho me inspirava muito aprendi nollie heel por causa dele (vcs poderiam fazer ídolos das antigas vários caras são inspiração pra muitos skater q estão esquecido na memoria do povo) gringo diria flip sorry e really sorry e baker3
Alien workshop mindfield mudou minha percepção sobre o skate como arte
It’ is xapa é um dos mais importantes para mim, pois ele relata a vivência e o orgulho através do skate, e xaparral sabe muito bem transmitir isso
A parte do Cezar Gordo no Matriz 3, vi esse vídeo 1 milhão de vezes a aprendi nollie 360 só por causa dela