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Jamie Thomas sobre a Zero e Fallen – Jenkem

Jamie Thomas, ou The Chief,  é um dos caras que resolveu fazer algo mais do que apenas andar de skate e criou a Zero, a Fallen e a Black Box, que distribui suas marcas, entre outras coisas. Isso tudo já até lhe rendeu um prêmio regional de empreendedorismo da Ernst & Young.

Com partes em mais de 20 vídeos, ele falou à Jenkem sobre a saída da Zero e da Fallen da Black Box, a ida  das marcas para a Dwindle e outros assuntos, como a polêmica saída de Trevor Colden da Mistery (que custou ao skater US$15.000,00). Pra quem gosta de ler e saber mais do mercado, aí está mais uma tradução das boas, cortesia da sua querida Black Media.


Aparentemente, a Zero e a Fallen estão saindo da sua distribuidora (Black Box) e vão para a Dwindle agora. O que isso significa para as duas marcas?
Significa que, nos próximos meses, a Dwindle vai assumir as vendas, finanças, produção e distribuição das marcas. A Zero e a Fallen continuarão independentes e nossa equipe estará focada no time, no marketing e na parte criativa. Até onde eu me lembro, sempre fui empurrado em um milhão de direções diferentes e tenho a constante sensação de não conseguir me focar em uma única coisa tempo suficiente para ter um impacto positivo. Minha paixão pelo time e pelo lado do marketing foram os motivos pra começar a Zero, depois de ajudar o Ed com a Toy Machine; ironicamente, tive cada vez menos tempo pra investir em coisas pelas quais sou apaixonado e cansei. Mas isso não é só sobre mim. O time e os funcionários precisam de estabilidade e nós fomos afetados de verdade pelas mudanças da indústria nos últimos cinco anos; isso realmente afetou a Fallen.

Quanto às mudanças, logo você vai ligar para a Dwindle pra comprar nossas camisetas; a boa notícia é que todos os nossos atuais representantes de vendas estão garantindo seus empregos lá também. Então acho que você vai continuar falando com os mesmos caras com quem sempre falou. Tudo isso é animador pra mim, porque nós sabemos que a Zero e a Fallen terão a estabilidade e foco necessários para começar a crescer de novo.

O que vai acontecer com as outras marcas, tipo a Threat, Mistery, Slave e a própria Black Box? Acabaram?
Estamos vendendo a última leva dos shapes da Threat, e as outras marcas vão continuar na Black Box por enquanto.

Recentemente, o Trevor Colden saiu da Mistery e, aparentemente, você fez ele pagar US$ 15 mil do próprio bolso para liberá-lo do contrato e da marca e poder entrar na Skate Mental. Por que US$ 15 mil, e por que o próprio Trevor pagou, ao invés da Skate Mental ou outra marca?
O Trevor foi a primeira pessoa a ter um contrato com alguma de nossas marcas. Geralmente, as partes chegam a um acordo amigável e nada disso é necessário, mas com o Trevor isso não foi possível. Quando ele começou a andar pela Mistery, já tinha a reputação de não ser fiel aos patrocinadores que já o tinham ajudado, o que é um pouco preocupante.

Tirando isso, ele é um skatista incrível, então aceitamos o risco. Ele evoluiu rapidamente e começou a ganhar bastante atenção; essa atenção deu a ele a segurança para pedir constantes aumentos e um plano para o futuro. Por parecer que ele sairia da marca se tivesse uma proposta melhor, eu disse que a única maneira de programarmos um cronograma de alguns anos de aumento, e garantir um pro model de shape, seria se ele assinasse um contrato, para nós termos a segurança de que ele ficaria no time tempo suficiente para a marca também se beneficiar do dinheiro que investiria nele. Enquanto isso, ele foi passando por vários outros patrocinadores, sem se preocupar muito com quais marcas ele abandonava.

Nosso pedido foi pra ele se tornar pro e nós planejamos, fizemos as artes e produzimos os shapes. Ele seria o grande foco da Mistery no próximo ano.

Então, um mês depois, ele disse que queria sair e andar pela Skate Mental. Eu falei que a gente teve um trabalho imenso e não tinha sido fácil. Tentamos convencê-lo a ficar mais uns seis meses pra continuar com os planos, e liberaríamos ele antes da próxima feira de negócios.

Ouvi dizer que os caras da Nike estavam encorajando ele a ir pra Skate Mental, e senti que a Nike e a Skate Mental queriam que a mudança fosse da noite pro dia. Então, eles teriam que pagar à Mistery o sacrifício de perdê-lo. Calculamos o valor correspondente, com base no contrato, e deu quase US$ 30 mil. Obviamente, isso é muito para alguém pagar, então dissemos a ele que, se conseguisse fazer a Skate Mental e a Nike pagarem US$ 15 mil, deixaríamos ele sair na hora e arcaríamos com o resto do prejuízo. No dia seguinte, ele anunciou no Instagram que tinha saído. Liguei pro Stalba (da Skate Mental) e falamos sobre o contrato, ele ele me disse: “Ele é quem vai se entender com vocês”.

Então, o Trevor mesmo pagou. Nunca me senti bem quanto a isso; não era minha intenção fazer ele tirar o dinheiro do próprio bolso, mas acho que as atitudes dele quanto a isso o deixaram em uma situação de merda, e ninguém além dele foi culpado.

Com as grandes marcas dominando o mercado com seus orçamentos gigantescos, como uma marca independente de tênis como a Fallen consegue sobreviver? Você consegue enfrentar o tanque com uma varetinha?
O único modo de competir com eles é ter um ponto nítido de diferença, e ter skatistas e funcionários que realmente acreditam na marca. Parece que as lojas e até o público estão procurando coisas diferentes das massas. Por exemplo, a Active parou de comprar Nike por não conseguir ver pra onde aquilo estava indo. No lugar, trouxeram a Emerica, Lakai e Fallen para preencher o buraco. E a Active tem 21 lojas, então isso é animador!

Muitas marcas fundadas nos anos 90 e no começo dos anos 2000 parecem estar sofrendo agora;  já saíram do mercado ou foram vendidas. Você acha que esse é o ciclo natural das marcas de skate (funcionar por uns 10 ou 20 anos) ou há fatores externos que influenciam nisso?
Eu acho que há uma espécie de ciclo, mas também acho que a maioria dessas marcas enfrentam o mesmo desafio, que é se reinventar. Também me parece que vários donos de marca se precipitam e querem pegar logo a grana, tirar logo o risco da mesa.

Você acha que a imagem da Zero está desgastada? Como uma marca como a Zero pode se reinventar?
Haha! Espero que não! Acho que há várias maneiras de se reinventar, mas o exemplo mais claro, pra mim, é o Cold War (vídeo de 2013). Senti vontade de voltar às nossas raízes e fazer um vídeo com aquele ar de anos 90, e foi isso que nós tentamos fazer. Reinventar-se, às vezes, é voltar pro lugar de onde você saiu; outras vezes pode ser uma direção totalmente nova. Pra gente, fica claro que o melhor é pegar inspiração de onde a gente veio, porque todos os caras do time cresceram assistindo Misled Youth (outro vídeo, de 1999) e é com essa Zero que eles se identificam. Nosso desafio é recriar o Misled Youth.

O que o Forret Edwards (pro) vai fazer agora que a Threat acabou?
Fizemos uma proposta pra ele vir com a gente na próxima tour da Zero pra ver se ele encaixa no time. Vamos ver como vai rolar.


entrevista por Ian Michna – Jenkem
tradução por Felipe Minozzi (Fel)

Artigo original

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